Rebekah Brooks era chefe-executiva do braço britânico do conglomerado de mídia do magnata australiano Rupert Murdoch
Rebekah vinha sofrendo uma intensa pressão para deixar o cargo em meio ao escândalo provocado pela revelação de que o tabloide dominicial News of The World , também pertencente a Murdoch, teria grampeado celulares de milhares de pessoas para ter acesso a informações confidenciais para reportagens no período em que ela era editora-chefe da publicação, entre 2000 e 2003.
Por causa do escândalo, a News International pedirá desculpas em anúncios de página inteira que serão publicados neste fim de semana nos jornais britânicos, comunicou James Murdoch, filho do magnata australiano. Em nota, James, encarregado das publicações europeias da News Corp., agradeceu Rebekah por seus 22 anos de trabalho no grupo e afirmou que a empresa também informará quais medidas está tomando para superar os problemas que vieram à tona nas últimas semanas.
Em um e-mail de despedida enviado aos empregados da empresa, Rebekah disse que sua tentativa de se manter no cargo a colocou no centro da polêmica: "Isso está agora desviando a atenção de todos os esforços de resolver os problemas do passado."
O escândalo envolvendo os grampos do News of the World levou a News International a fechar o jornal, o mais vendido aos domingos no país. A última edição do tabloide circulou no último fim de semana.
Entrevista
Na quinta-feira, em uma entrevista a outro jornal de sua propriedade, o diário americano Wall Street Journal, Murdoch defendeu a forma como a empresa lidou com a crise.
Ele disse que sua companhia tratou as denúncias "extremamente bem em todos os sentidos possíveis", mas admitiu "pequenos erros". Murdoch disse que "algumas das coisas que foram ditas no Parlamento (britânico) são mentiras completas".
Perguntado sobre qual seria sua reação a respeito da publicidade negativa que a empresa vem recebendo, Murdoch disse que estaria "apenas aborrecido. Vou superar isso. Estou cansado".
Investigação americana
O FBI (a polícia federal dos Estados Unidos) também anunciou na quinta-feira que investiga acusações de que a News Corp., o conglomerado internacional de Murdoch, tentou grampear telefones de vítimas dos ataques do 11 de Setembro de 2001
, segundo relatos.
Nesta sexta-feira, o procurador-geral dos EUA, Eric H. Holder, confirmou nesta sexta-feira que as autoridades americanas estão investigando as operações da News Corp. "Membros do Congresso dos Estados Unidos nos pedirão que investiguemos as mesmas acusações (de escutas ilegais)", disse Holder em Sydney, na Austrália.
O congressista republicano Peter King, que preside o comitê de segurança nacional e representa uma região de Nova York que perdeu mais de 150 pessoas nos ataques do 11 de Setembro, também pediu na quarta-feira por uma investigação do FBI.
Em Washington, uma porta-voz do Departamento de Estado, órgão que controla o FBI, não quis comentar o caso, afirmando que "o departamento não comenta investigações específicas, mas sempre que vemos evidências de algo errado, tomamos as medidas apropriadas".
Analistas dizem que uma investigação do FBI seria o primeiro indício de que o "escândalo dos grampos", que atinge a imprensa britânica, teria cruzado o Atlântico.
As acusações contra o News of the World começaram a vir à tona em 2006 e ganharam contornos de escândalo nacional após a denúncia de que o detetive que trabalhava para o News of The World teria grampeado o telefone celular de Milly Dowler , uma adolescente de 13 anos que desapareceu em 2002.
A manipulação das mensagens da caixa postal de Milly fez a polícia e a família da adolescente acreditarem que ela ainda estivesse viva, já que sua caixa postal continuava em atividade. O corpo foi encontrado posteriormente. O desdobramento mostrou que os alvos do tabloide não eram apenas celebridades, mas também vítimas de tragédias e casos polícias explorados pelo jornal.
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*Com BBC, EFE e AP