
A brasileira Daniela Marys de Oliveira, detida no Camboja há oito meses, foi condenada a dois anos e seis meses de prisão por uso e posse de drogas nesta quarta-feira (12). Segundo familiares, a mulher foi vítima de tráfico humano e teve um flagrante forjado contra ela.
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Arquiteta de Minas Gerais, Daniela havia se mudado para o país no Sudeste Asiático no começo deste ano para assumir uma vaga como telemarketing. O relato dos familiares indica que, ao chegar no Camboja, ela descobriu que seria um esquema de golpes pela internet e recusou participar.
O Itamaraty informou ao Portal iG que tem conhecimento do caso e que, por intermédio da Embaixada do Brasil em Phnom Penh, vem prestando assistência à brasileira (confira abaixo a nota na íntegra) .
Entenda o caso
A família denuncia o caso como um esquema de tráfico humano . Ao se recusar fazer parte da organização criminosa , ela teria sido incriminada com drogas, e foi presa pela polícia do Camboja.
Os golpistas teriam implantado entorpecentes no local onde a brasileira de 35 anos estava. Eles também teriam extorquido a família dela, ameaçando vendê-la para tráfico sexual caso não enviassem uma quantia de R$ 27 mil .
Após a condenação, a mineira tem 30 dias para apresentar recurso para contestar as supostas provas apresentadas. Os parentes também denunciam que Daniela não teve um tradutor durante a audiência.
Todo o caso é compartilhado nas redes sociais em um perfil dedicado a ajudar a brasileira. A família cobra mais empenho do Ministério de Relações Internacionais do Brasil para auxiliar no caso. Ao iG, o Itamaraty disse que "vem realizando gestões junto ao governo cambojano" .
Pedido de ajuda financeira
O perfil @ajudadanimarys no Instagram abriu uma vaquinha online para ajuda de custo. Eles explicaram um prejuízo total de R$ 60 mil que a família teria tido em relação ao caso, incluindo valores da extorsão, custos com advogados e gastos com necessidades básicas na prisão.
No Camboja, o detento é responsável por todo o custo sobre o consumo de alimentação, água e remédios.
Leia na íntegra a nota oficial do Itamaraty sobre o caso:
"O Ministério das Relações Exteriores, por intermédio da Embaixada do Brasil em Phnom Penh, tem conhecimento do caso citado. A Embaixada vem realizando gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consular cabível à nacional brasileira, em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas.
A atuação consular do Brasil pauta-se pela legislação internacional e nacional. Para conhecer as atribuições das repartições consulares do Brasil, recomenda-se consulta à seguinte seção do Portal Consular do Itamaraty.
Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros.
O Ministério participa ativamente do IV Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, no âmbito do qual foram elaborados materiais informativos, como a cartilha 'Orientações para o Trabalho no Exterior'. Além disso, emitiu alertas consulares e notas à imprensa sobre o aliciamento de pessoas para o Sudeste Asiático, buscando aumentar a conscientização sobre o tema."