
Uma nova imagem de satélite divulgada pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostra o momento em que o furacão Melissa avança pelo Caribe.
O registro foi feito no domingo (26) pela missão Copernicus Sentinel-3 e demonstra os elementos que tornaram Melissa a maior tempestade do Atlântico e uma das mais intensas já documentadas na região.
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O registro mostra a chamada “temperatura de brilho” no topo das nuvens do furacão, permitindo aos especialistas observar a estrutura interna da tempestade em detalhes.
De acordo com a ESA, as formações mais próximas do olho do furacão atingiram -75°C, enquanto nas bordas a temperatura ficou em torno de -25°C, o que contrasta com as águas quentes do Caribe, que chegam a 25°C .
As imagens captadas por satélites fornecem aos cientistas dados importantes para monitorar furacões, mostrando desde o tamanho e deslocamento das tempestades até a intensidade dos ventos.
Esses registros permitem ainda analisar aspectos estruturais, como a espessura e a temperatura das nuvens, além do volume de água e gelo presente no sistema.
Entre os equipamentos utilizados no monitoramento do furacão Melissa está o Radiômetro de Temperatura da Superfície do Mar e da Terra, a bordo do Sentinel-3, capaz de medir a energia emitida pela Terra em nove diferentes faixas espectrais, aprimorando a compreensão da dinâmica atmosférica.
Intensificação da tempestade
A força com que Melissa cresceu chamou atenção de meteorologistas.
Em apenas 24 horas, o fenômeno saltou de tempestade tropical com ventos de 110 km/h para um furacão de categoria 4, com rajadas de até 225 km/h, na manhã de sábado (25).
Horas depois, Melissa já havia atingido a categoria 5, o patamar mais alto da escala Saffir-Simpson e do ano até agora.
A passagem pelo Caribe deixou um rastro de devastação . Na terça-feira (28), o furacão Melissa ainda em categoria 5, atingiu a Jamaica e chegou a ser comparado aos tornados de categorias F4 e F5 .
Na madrugada desta quarta-feira (29), o furacão tocou o solo cubano, mas já havia perdido força e foi rebaixado para categoria 3, ainda assim com potencial significativo de destruição.
Devastação na Jamaica
Na terça-feira (28), o furacão Melissa atingiu a Jamaica na categoria 5, a mais alta da escala, com ventos de até 295 km/h . Este foi o furacão mais forte da história do país desde o início dos registros meteorológicos, há 174 anos.
O primeiro-ministro Andrew Holness declarou a ilha uma "zona de desastre" e que "não existe infraestrutura na região capaz de resistir a um furacão dessa magnitude".
Segundo a Cruz Vermelha, 1,5 milhão de pessoas - metade da população jamaicana - foram afetadas, e três morreram . O país sofreu apagões, deslizamentos de terra e alagamentos, além de interrupções no serviço de internet e energia elétrica.
A Organização Meteorológica Mundial ( OMM ) classificou o evento como a "tempestade do século" na Jamaica. Ventos catastróficos, marés de até quatro metros e temporais atingiram Kingston e o sudoeste da ilha. O governo abriu cerca de 900 abrigos e realizou retiradas obrigatórias, inclusive na capital.
O fenômeno também causou mortes em outros países do Caribe: três no Haiti, três no Panamá e uma na República Dominicana.