Bilhete escondido há 80 anos revela vítima do nazismo

Anotação encontrada oito décadas depois expõe a história trágica de um menino judeu morto no campo de concentração

Bilhete escondido há 80 anos revela vítima do nazismo
Foto: Divulgação/ Museu de Auschwitz
Bilhete escondido há 80 anos revela vítima do nazismo

Um simples bilhete escondido dentro de um sapato infantil revelou, oito décadas depois, a identidade de um menino assassinado no campo de concentração de Auschwitz . O documento foi encontrado durante um trabalho de conservação no Museu de Auschwitz-Birkenau, e trazia uma inscrição comovente:

“Steinberg Amos, criança, número 5710, nascido em 26 de junho de 1938”.

O sapato pertencia a Amos Steinberg, nascido em Praga, filho do casal Aliza e Ludwig Steinberg. Em 1942, a família foi deportada primeiro para o gueto de Theresienstadt e, em seguida, enviada para Auschwitz. O pai, Ludwig, sobreviveu ao Holocausto. Já Amos e a mãe, Aliza, foram mortos no campo nazista.

A restauradora Elżbieta Cajzer, responsável pela descoberta, contou que o bilhete estava cuidadosamente escondido sob a palmilha do pequeno calçado.

Bilhete escondido há 80 anos revela vítima do nazismo
Foto: Museu de Auschwitz
Bilhete escondido há 80 anos revela vítima do nazismo


“Quando abrimos o sapato, encontramos um pequeno pedaço de papel. As letras mal resistiram ao tempo” , relatou Cajzer.

O número 5710 foi essencial para confirmar a identidade do menino, ao ser relacionado com uma mala pertencente ao pai, que já fazia parte do acervo do museu.

De acordo com o diretor do arquivo da instituição, Wojciech Płosa, a descoberta permitiu reconstruir parte da trajetória da família Steinberg.

“Temos um nome e uma data de nascimento. Isso basta para trazer aquela família de volta, mesmo que por apenas um instante” , afirmou.

Hoje, o sapato, o bilhete e a mala estão expostos lado a lado no Museu de Auschwitz-Birkenau, como símbolo de resistência da memória e do amor de uma mãe.

Para o porta-voz do museu, Marcin Barcz, o achado é uma lembrança pungente da tentativa de preservar a identidade diante da barbárie.


“Ela queria que o filho não fosse esquecido, acontecesse o que acontecesse” , disse.

A descoberta reforça o papel do museu em manter viva a memória das vítimas do Holocausto, lembrando ao mundo que até os menores objetos podem carregar histórias profundas de perda, coragem e amor incondicional.