Protestos no Nepal já somam 34 mortos e mais de 1.500 feridos

Centenas de pessoas tentam deixar o país enquanto Exército tenta restaurar a ordem

Manifestantes entraram em confronto com policiais e com o Exército, no Nepal
Foto: Reprodução/redes sociais
Manifestantes entraram em confronto com policiais e com o Exército, no Nepal

Os  protestos violentos no Nepal que se intensificaram desde a terça-feira (09) já deixaram 34 mortos e mais de 1.500 feridos, segundo o jornal local Nepal News. O Exército está nas ruas da capital Katmandu desde quarta (10) para tentar conter a onda de violência.


Nesta quinta-feira (11), centenas de pessoas lotaram o principal  aeroporto do Nepal, em Katmandu, para tentar sair do país em meio à incerteza política que se seguiu à queda do governo após a onda de manifestações lideradas pela "geração Z" .

Ondas de protestos

Manifestante queimaram prédios governamentais no Nepal
Foto: Reprodução/redes sociais
Manifestante queimaram prédios governamentais no Nepal


A imprensa internacional aponta que jovens da "geração Z", caracterizada por aqueles nascidos entre 1997 e 2012, começaram os protestos por um descontentamento sobre os privilégios vividos pelos filhos de políticos, enquanto a grande maioria dos jovens vive dificuldades para encontrar emprego, por exemplo.

O estopim aconteceu no início da semana, quando o governo tentou emplacar um projeto de lei para regular redes sociais, exigindo que empresas tenham representação no Nepal, enquanto críticos afirmam que a medida é uma tentativa de censura e de limitar a liberdade de expressão. Plataformas como TikTok e Viber já cumpriram as exigências e seguem no ar, mas outras duas dezenas de redes foram bloqueadas.


As ondas de protesto resultaram na renúncia do primeiro-ministro, K. P. Sharma Oli . Manifestantes invadiram e incendiaram o complexo do parlamento em Katmandu e destruíram diversos prédios governamentais.

O ápice foi atingido na terça, após o governo revogar a decisão de proibição das redes sociais: manifestantes atacaram a residência do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal. Sua esposa, Rajyalaxmi Chitrakar, ficou presa dentro da casa em chamas e faleceu em decorrência das queimaduras graves que sofreu.

Feridos e afetados

Nesta quinta, o chefe do Ministério da Saúde e População do Nepal divulgou que a pasta está focada no tratamento de feridos, que pelas informações oficiais chegou a 1.524 pessoas. Dados do ministério indicam que 1.149 feridos retornaram para casa após tratamento, enquanto 295 estão em tratamento.

Na capital, moradores correram para comprar alimentos básicos como arroz, vegetais e carne nesta manhã, quando o exército suspendeu brevemente o toque de recolher. Soldados armados guardavam as ruas, verificavam veículos e ofereciam assistência aos necessitados.

O Exército assumiu o controle de Katmandu na terça, após dois dias de grandes protestos que deixaram a residência presidencial e os prédios do governo em chamas e forçaram o primeiro-ministro a renunciar e fugir.

Dúvidas sobre o comando do país

Segundo a agência AP News, o aeroporto reabriu apenas nesta quinta, onde muitos tentam deixar o país. Ainda não está claro quem assumiria o controle do governo enquanto a busca por um líder interino continua.


Líderes do protesto se encontraram com autoridades militares no quartel-general do exército em Katmandu na quarta-feira (10) para discutir um líder de transição.

Rehan Raj Dangal, representante dos manifestantes, disse que seu grupo propôs aos líderes militares que Sushila Karki, uma popular ex-presidente da Suprema Corte, liderasse um governo interino, informa a AP. Karki foi a única mulher a ocupar o cargo de presidente da Suprema Corte do Nepal. Outros manifestantes se opuseram à sua nomeação.