Protestos no Nepal: exército tenta conter o aumento da violência

Manifestações intensas lideradas pela "geração Z" já deixou ao menos 19 mortos

Manifestante queimaram prédios governamentais no Nepal
Foto: Reprodução/redes sociais
Manifestante queimaram prédios governamentais no Nepal

O exército do Nepal  está, nesta quarta-feira (10), nas ruas de Katmandu, capital do país , e decretou toque de recolher para tentar conter a onda de violência que tomou conta da cidade. A mobilização ocorreu após dezenas de milhares de manifestantes incendiarem prédios do governo, atacarem políticos e provocarem o colapso do controle policial nesta terça (09).

Na véspera, o  Exército já havia anunciado estar pronto para “restaurar a lei e a ordem” depois de a polícia se mostrar incapaz de conter os protestos. Segundo comunicado militar, 27 suspeitos de saques foram detidos.

Protestos intensos

Nesta terça-feira, manifestações lideradas majoritariamente "pela Geração Z”, atingiram o ápice após a decisão do governo de revogar a proibição a redes sociais, como Facebook e X, que havia desencadeado violentas reações no dia anterior. Agências de notícias internacionais apontam que a mobilização foi gerada pela revolta contra corrupção, nepotismo e falta de oportunidades.

As ondas de protesto resultaram na renúncia do primeiro-ministro, K. P. Sharma Oli. Manifestantes invadiram e incendiaram o complexo do parlamento em Katmandu e destruíram diversos prédios governamentais.

Um dos alvos foi a residência do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal. Sua esposa, Rajyalaxmi Chitrakar, ficou presa dentro da casa em chamas e faleceu em decorrência das queimaduras graves que sofreu. A repressão violenta provocou a morte de pelo menos 19 manifestantes e deixou mais de uma centena de feridos.

Vídeos divulgados nas redes mostram agressões ao ex-primeiro-ministro Sher Bahadur Deuba, líder do Partido do Congresso do Nepal, e à esposa dele, Arzu Rana Deuba, atual ministra das Relações Exteriores.


Liderados pela "geração Z"

O estopim do movimento, apelidado de “protesto da Geração Z” (pessoas nascidas entre 1997 e 2012), reflete um descontentamento dos jovens nepolenses, segundo a AP News. Eles acusam filhos de políticos de viverem com privilégios enquanto enfrentam dificuldades para encontrar emprego, por exmeplo.

O governo tenta emplacar um projeto de lei para regular redes sociais, exigindo que empresas tenham representação no Nepal, enquanto críticos afirmam que a medida é uma tentativa de censura e de limitar a liberdade de expressão. Plataformas como TikTok e Viber já cumpriram as exigências e seguem no ar, mas outras duas dezenas de redes foram bloqueadas.