Governo da Flórida quer eliminar exigência de vacinação infantil

Estado dos EUA pode se tornar o primeiro a extinguir obrigatoriedade de imunização em escolas e creches

Para o cirurgião-geral do estado, Joseph Ladapo: 'atuais exigências em escolas é uma intrusão imoral nos direitos das pessoas'
Foto: Reprodução/redes sociais
Para o cirurgião-geral do estado, Joseph Ladapo: 'atuais exigências em escolas é uma intrusão imoral nos direitos das pessoas'


As crianças na Flórida não precisarão mais receber vacinas contra doenças preveníveis. É o que defende o governo do estado norte-americano, que quer eliminar gradualmente todas as vacinas obrigatórias para crianças no estado.

Em entrevista coletiva, nesta quarta-feira (3), o cirurgião-geral do estado, Joseph Ladapo, afirmou que as atuais exigências em escolas e outros locais é uma "intrusão imoral nos direitos das pessoas, beirando a escravidão e prejudicando a capacidade dos pais de tomar decisões sobre a saúde de seus filhos".

"As pessoas têm o direito de tomar suas próprias decisões, decisões informadas. Eles não têm o direito de dizer o que você deve ingerir", disse Ladapo, que é um cético de longa data quanto aos benefícios das vacinas e já foi acusado de espalhar "bobagens científicas" por defensores da saúde pública.

O Departamento de Saúde do estado poderá revogar suas próprias regras para algumas obrigatoriedades de vacinação, mas outras exigiriam ação da Assembleia Legislativa da Flórida, segundo disse Ladapo.

Ele enfatizou que a Flórida seria o primeiro estado a eliminar tantas obrigatoriedades de vacinação.

Também nesta quarta, o governador da Flórida Ron DeSantis DeSanti anunciou a criação da comissão estadual Make America Healthy Again - MAHA, ou Tornar a América Saudável Novamente, em português, inspirada em iniciativas semelhantes promovidas em nível federal pelo Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr.

Imprudente e perigoso

Em publicações nas redes sociais, a deputada estadual democrata Anna Eskamani, candidata à prefeitura de Orlando, afirmou que descartar vacinas "é imprudente e perigoso" e pode causar surtos de doenças preveníveis.

Enquanto isso, os governadores democratas de Washington, Oregon e Califórnia anunciaram a criação de uma aliança para proteger as políticas de saúde, alegando que o governo do presidente Donald Trump está politizando as decisões de saúde pública.

Em declaração conjunta assinada pelo do governador Bob Ferguson, de Washington, da governadora Tina Kotek, do Oregon, e do governador Gavin Newsom, da Califórnia, eles afirmaram que o objetivo é coordenar as diretrizes de saúde alinhando os planos de imunização com base nas recomendações de respeitadas organizações médicas nacionais.

Na Flórida, as vacinas obrigatórias para creches e escolas públicas incluem vacinas contra sarampo, catapora, hepatite B, difteria, tétano e coqueluche acelular (DTaP), poliomielite e outras doenças, de acordo com o site do Departamento de Saúde do estado.

Campanha começou na Covid

Já durante a pandemia de Covid-19, o governador DeSantis trabalhou para restringir as exigências de vacinação e outras exigências de saúde durante a pandemia de Covid-19.

Sob seu governo, a Flórida resistiu à imposição de vacinas contra a Covi-19 a crianças em idade escolar.

"Não acho que haja outro estado que tenha feito tanto quanto a Flórida. Queremos nos manter à frente da curva", disse o governador.

Ainda segundo ele, a comissão estadual MAHA analisará questões como permitir o consentimento informado em questões médicas, promover alimentos seguros e nutritivos, fortalecer os direitos dos pais em relação a decisões médicas sobre seus filhos e eliminar a "ortodoxia médica que não é respaldada por dados".


A comissão será presidida pelo vice-governador Jay Collins e pela primeira-dama da Flórida, Casey DeSantis.

"Estamos tirando o governo do caminho, tirando o governo da vida de vocês", disse Collins.

O trabalho da comissão, disse o governador, ajudará a subsidiar um amplo "pacote de liberdade médica" a ser apresentado na próxima sessão da Assembleia Legislativa, que abordará as obrigatoriedades de vacinação exigidas pela lei estadual e tornará permanentes as recentes decisões estaduais sobre a Covid-19 que flexibilizam as restrições.