
Quando se fala em terremotos, um nome sempre vem à mente: Richter, sobrenome de Charles Francis Richter. O sismólogo norte-americano foi responsável por uma das maiores revoluções na história da geociência ao desenvolver, em 1935, a chamada escala de magnitude local, a “Escala Richter” .
Antes dela, a intensidade dos tremores era medida com base em relatos de pessoas e nos danos visíveis causados pelo fenômeno, por meio de outra escala, a Mercalli.
Pouco preciso
O método, no entanto, apresentava grandes limitações, como explica o Centro de Sismologia da USP ao Portal iG .
“Um mesmo sismo podia ter diferentes intensidades em lugares distintos, o que dificultava a comparação entre eventos”.

A inovação de Richter foi adotar dados instrumentais.
Com a ajuda de sismógrafos, ele conseguiu quantificar a energia liberada pelos terremotos, criando uma medida objetiva e comparável, independentemente de onde ocorresse.
“Foi um avanço fundamental, pois transformou uma avaliação subjetiva em um número preciso” .
Apesar de novas escalas terem sido desenvolvidas, como a Magnitude de Momento (Mw), que calcula com base no modelo físico da ruptura sísmica e é hoje a principal referência internacional, a ideia original de Richter ainda é essencial.
“Seu método continua sendo a base de muitos cálculos de magnitude e, no senso comum, ‘Escala Richter’ virou sinônimo da força de um terremoto” , aponta o especialista da USP.
Outro legado importante do cientista foi aproximar ciência e sociedade. Ao traduzir a complexidade de um tremor em números de 1 a 10, facilitou o entendimento do impacto desses eventos pela população e pela imprensa. E, mesmo em países como o Brasil, onde a atividade sísmica é baixa, sua contribuição é reconhecida.
(Em tempo: de fato, o Brasil não é um território de terremotos, como em muitos outros lugares do planeta. No entanto, o país registra, sim, tremores. Muitos deles, em Minas Gerais. No momento em que esta reportagem foi escrita, o Centro de Sismologia da USP havia registrado quatro abalos em quatro dias, nas cidades mineiras de Frutal (2.3 na escala), Pirajuba (2.8 na escala) e Sete Lagoas (dois tremores., com 1.9 e 2.5 na escala).
“O trabalho de Richter é referência científica e também cultural. Ele criou uma ponte entre o mundo acadêmico e a compreensão popular sobre terremotos” .
Se estivesse vivo hoje, Richter provavelmente ficaria impressionado com os avanços da sismologia. Inteligência artificial, sensores em cabos de fibra óptica e sistemas de alerta rápido são algumas das inovações que ampliam a capacidade de monitoramento e salvam vidas.
E como ressaltam os especialistas, tudo isso ainda se apoia na base lançada por ele.