Medusa na praia
patrícia calderón
Medusa na praia

A temporada de verão na Comunidade Valenciana, na Espanha, começou com um alerta que se repete com intensidade crescente nos últimos anos: a presença maciça de medusas ou águas vivas em diversas praias da região. O fenômeno, já observado em localidades como Valência, Gandia, Xàbia, Benicàssim e Dénia, tem gerado preocupação entre banhistas, autoridades locais e especialistas ambientais.

Segundo biólogos marinhos, o aumento anormal da temperatura do mar — que já ultrapassa os 27 graus em algumas áreas — criou um ambiente ideal para a reprodução acelerada desses animais gelatinosos. “O calor atua como um gatilho ecológico. Com águas mais quentes por mais tempo, a temporada de reprodução das medusas se prolonga, o que favorece sua proliferação em massa”, explica Isabel Durán, pesquisadora do Instituto de Ecologia Marinha da Universidade de Valência.

Além do calor, outros fatores como a sobrepesca, a redução de predadores naturais e as mudanças nas correntes marinhas contribuem para o avanço das especies em áreas antes menos afetadas.

Entre as espécies mais avistadas neste verão estão a Cotylorhiza tuberculata, conhecida como “medusa ovo-frito”, que apesar de sua aparência impressionante é inofensiva, e a Pelagia noctiluca, popularmente chamada de “medusa cravo”, cujos tentáculos podem causar queimaduras dolorosas. Ambas foram vistas em grandes quantidades ao longo da costa, especialmente nas águas tranquilas de Xàbia e Dénia.

Praias como Arenal, em Jávea, chegaram a registrar interdições temporárias para banho devido à alta densidade de medusas no mar, com bandeiras vermelhas hasteadas pelas autoridades.

Diante da situação, prefeituras da região e entidades ambientais estão recomendando o uso de aplicativos como o MedusApp, que permite mapear e reportar em tempo real a presença de medusas nas praias espanholas. Em Valência, cartazes informativos e instruções sobre o que fazer em caso de contato com as águas-vivas foram reforçados nos postos de salvamento e socorrismo.

“É fundamental que a população siga as orientações de segurança. A maioria das espécies não representa perigo de vida, mas uma picada pode causar dor intensa, reações alérgicas e até choques anafiláticos em casos extremos”, alerta a Cruz Vermelha.

Mudança climática como pano de fundo

Especialistas apontam que a mudança climática global é a principal responsável por esse tipo de desequilíbrio ecológico, que afeta não apenas a experiência turística, mas também a biodiversidade e os ecossistemas costeiros. “A invasão de medusas é um dos muitos sintomas de mares em desequilíbrio. É um alerta que não podemos ignorar”, adverte Durán.

Enquanto isso, turistas e moradores são orientados a evitar nadar em áreas com alta concentração desses animais, respeitar a sinalização nas praias e procurar atendimento médico em caso de picadas.

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