
O governo Trump demitiu nesta quinta-feira (27) centenas de funcionários da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional ( Noaa ) , a principal agência de pesquisa climática dos EUA , apurou o jornal americano The Washington Post .
As demissões foram determinadas pelo DOGE , o departamento a cargo do bilionário Elon Musk , que foi encarregado de reduzir a força de trabalho do governo.
Segundo o jornal estadunidense, os avisos de demissão diziam que eles “não eram aptos para continuar no emprego porque suas habilidades, conhecimentos e/ou competências não atendem às necessidades atuais da Agência.”
As demissões afetaram especificamente funcionários em estágio probatório, uma categorização que se aplica a novas contratações ou àqueles transferidos ou promovidos para novos cargos, e que representa cerca de 10% da força de trabalho da agência.
Cortes podem afetar nos dados meteorológicos

A medida era temida há dias por funcionários atuais e antigos da agência, que alertavam que as demissões poderiam causar grandes interrupções na capacidade do país de se proteger contra tempestades, erupções solares e outras ameaças naturais.
“A maioria dos funcionários em estágio probatório no meu escritório está na agência há mais de 10 anos e acabou de conseguir novos cargos”, disse um funcionário ao The Guardian , anonimamente. “Se os perdermos, estaremos perdendo não apenas o trabalho de classe mundial que eles fazem no dia a dia, mas também décadas de expertise e conhecimento institucional.”
Além dos funcionários demitidos, os americanos comuns que confiam nas previsões meteorológicas, nos dados climáticos e pescarias monitoradas de forma sustentável da Noaa também sofrerão, segundo a fonte ouvida.
“Palavras não podem descrever o impacto que isso terá, tanto em nós da Noaa quanto no país”, disse o funcionário. “É simplesmente errado em todos os sentidos.”
Impactos
O Laboratório de Pesquisas Ambientais da NOAA na região dos Grandes Lagos publicou nas redes sociais que os serviços de comunicação ao público seriam interrompidos por falta de funcionários. O anúncio foi feito horas depois das demissões.
A agência informou ainda que a falta de funcionários impediria o lançamento de balões meteorológicos a partir de uma estação do Alasca. Embora a área seja pouco povoada, os dados coletados desses lançamentos ajudam a alimentar os modelos meteorológicos que produzem previsões para comunidades em todo o país e ao redor do mundo.
Reações
Todos os funcionários em estágio probatório do Centro de Modelagem Ambiental da Noaa, que melhora as previsões meteorológicas, marinhas e climáticas, perderam seus empregos, postou um funcionário nas redes sociais.
O senador do estado americano de Maryland, Chris Van Hollen , chamou as demissões em massa no departamento de comércio de "completamente ilegais" em uma carta enviada ao secretário de comércio, Howard Lutnick .
A ONG Union of Concerned Scientists enviou uma carta separada a Lutnick, assinada por mais de 2.500 especialistas científicos, pedindo que a Noaa mantivesse seu financiamento e equipe.
A congressista Zoe Lofgren , membro sênior do comitê de ciência, espaço e tecnologia da Câmara nos EUA, afirmou: "Isso custará vidas americanas", em resposta às demissões. Gabe Amo , membro sênior do subcomitê de meio ambiente no Congresso, criticou a medida. "Ao demitir funcionários essenciais que trabalham para o povo americano, Trump e Elon Musk estão colocando nossa segurança nacional e pública em risco", declarou.
Segundo o The Guardian, Amo concluiu dizendo que a falta de pessoal no NOAA causará caos e confusão. "Exijo a recontratação imediata desses servidores antes que uma tragédia evitável ocorra."