Nesta sexta-feira (10), a Venezuela deverá empossar seu chefe de Estado para um novo mandato , mas a disputa sobre a legitimidade da vitória nas eleições presidenciais de julho do ano passado segue intensamente polarizada. Nicolás Maduro , o atual presidente , participará da cerimônia para iniciar seu terceiro mandato , embora a grande parte da comunidade internacional, incluindo vários países e organizações, ainda conteste a validade da sua reeleição.
Maduro e Edmundo González, candidato da oposição, ambos se declararam vencedores nas eleições de 28 de julho de 2024. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), um órgão dominado pelo chavismo, anunciou Maduro como vencedor sem, no entanto, divulgar a contagem detalhada dos votos.
A oposição, por sua vez, alegou que os resultados mostraram uma vitória avassaladora de González, baseada em dados coletados por seus representantes em todo o país. Observadores independentes também sugeriram que as alegações da oposição sobre os resultados poderiam ser válidas, e vários países, incluindo os Estados Unidos, passaram a reconhecer González como o verdadeiro vencedor da eleição.
A disputa eleitoral gerou protestos massivos em várias cidades venezuelanas, com milhares de pessoas indo às ruas exigir transparência no processo eleitoral. As manifestações foram acompanhadas de confrontos com a polícia, e em resposta, o governo de Maduro lançou uma repressão severa, com mais de 2.000 prisões, incluindo de menores de idade, logo após a votação.
A oposição enfrentou uma forte repressão, com o Ministério Público da Venezuela emitindo um mandado de prisão contra González, que fugiu do país. Sua colega, María Corina Machado, também líder da oposição, foi forçada a se esconder para evitar a prisão. A situação política tensa agravou ainda mais as relações diplomáticas da Venezuela com vários países, especialmente aqueles que questionaram a legitimidade das eleições. Em resposta, a Venezuela rompeu relações com diversos vizinhos e expulsou diplomatas.
A posse de Maduro tem potencial para deteriorar ainda mais a situação diplomática da Venezuela e aumentar a pressão sobre a migração na região. Sob seu governo, até 8 milhões de venezuelanos já haviam fugido do país, em busca de melhores condições de vida, diante da grave crise econômica e política que assola a nação.
A contestação internacional sobre os resultados das eleições de julho de 2024 persiste, especialmente pela falta de transparência nos processos eleitorais. O Conselho Nacional Eleitoral nunca divulgou as atas eleitorais que poderiam comprovar a veracidade dos resultados que favorecem Maduro, e a oposição, que teve acesso a documentos através de seus fiscais, alegou que González venceu com quase 70% dos votos.
O chavismo, por sua vez, nega as acusações e afirma que a grande maioria dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Até o momento, os aliados de Maduro não apresentaram provas concretas para refutar as alegações da oposição. O Ministério Público da Venezuela também iniciou uma investigação contra González, alegando que ele usurpou funções do poder eleitoral ao publicar as atas, e o opositor foi intimado a prestar depoimento. Após um mandado de prisão ser emitido contra ele, González se asilou na Espanha no início de setembro.
Desde as eleições de julho de 2024, a repressão aos opositores se intensificou, com pelo menos 2.400 pessoas presas e 24 mortes confirmadas por organizações de direitos humanos.