Navio Mazarrón II
Museu Nacional Espanhol de Arqueolo
Navio Mazarrón II

Um grupo de 14 especialistas espanhóis fez uma importante descoberta ao recuperar os restos de um barco com mais de 2.600 anos , identificado como “Mazarrón II” . Esse achado oferece uma oportunidade única para expandir o entendimento sobre a civilização fenícia , que floresceu entre 1500 e 300 a.C. nas regiões que hoje correspondem ao Líbano, Síria e Israel, e teve grande impacto no desenvolvimento do Mediterrâneo .

O naufrágio foi encontrado nas águas de Mazarrón, município localizado na região de Múrcia, na Espanha. O nome do barco faz referência à localidade, assim como o “Mazarrón I”, o primeiro naufrágio fenício já descoberto na mesma área.

Carlos de Juan, que lidera o projeto de pesquisa, explicou em um vídeo publicado pela Universidade de Valência que a escavação foi bem-sucedida devido ao excelente estado de conservação do barco, datado da Idade do Ferro. “Do ponto de vista da pesquisa, embora tenhamos um bom conhecimento sobre a construção de navios de guerra gregos na época arcaica, temos poucos dados dessa região mais ao sul do Mediterrâneo ocidental”, disse De Juan. “Portanto, este naufrágio representa uma contribuição muito importante para esse tipo de estudo”, completou.

Apesar de sua relevância histórica e das inovações fenícias no comércio e na criação de um alfabeto que influenciou as línguas grega e latina, a civilização fenícia foi por muito tempo considerada perdida. No entanto, as investigações arqueológicas do século XX começaram a revelar seu vasto legado. Segundo De Juan, este achado permitirá uma análise mais detalhada das técnicas de construção naval dos fenícios.

O processo meticuloso de recuperação

A escavação foi realizada por meio de uma colaboração entre a Universidade de Valência e o Ministério da Cultura de Múrcia. Durante dois meses, entre 13 de setembro e 7 de novembro de 2024, uma equipe de mergulhadores removiu cuidadosamente os fragmentos do naufrágio, levando em conta as dimensões da embarcação, que mede 8,10 metros de comprimento e 2,25 metros de largura.

Para evitar danos, os pesquisadores dividiram a estrutura em 22 peças antes de transportá-las. As primeiras análises indicam que alguns componentes da embarcação compartilham semelhanças com outros achados fenícios do Levante, mas também apresentam características próprias e únicas. “Estamos diante de um naufrágio da época fenícia que conserva praticamente toda sua arquitetura naval, incluindo a carpintaria”, destacou De Juan.

Após a recuperação, os restos foram levados para o Museu Nacional de Arqueologia Subaquática, onde uma equipe especializada iniciou o processo de restauração. “Este centro continuará o trabalho de restauração e estudo, garantindo a preservação e a análise desse achado histórico de valor incalculável”, informou a Universidade de Valência.

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