O governo da Venezuela rompeu, nesta segunda-feira (6), relações com o Paraguai após o apoio de Assunção ao opositor Edmundo González Urrutia , adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, que ele denuncia como fraudulentas.
"A Venezuela decidiu, no pleno exercício de sua soberania, romper relações diplomáticas com a República do Paraguai e proceder à retirada imediata de seu pessoal diplomático acreditado nesse país", declarou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em comunicado, em reação a uma conversa telefônica na qual o presidente paraguaio Santiago Peña expressou apoio a González.
O governo venezuelano "rejeita categoricamente as declarações do presidente do Paraguai, Santiago Peña, que, ignorando o direito internacional e o princípio de não intervenção, reincide em uma prática fracassada que relembra as fantasias políticas do extinto Grupo de Lima com sua ridícula aventura chamada [Juan] Guaidó", acrescenta o comunicado.
Caracas já havia rompido relações com os Estados Unidos em 2019 devido ao apoio dado ao opositor Juan Guaidó, que liderou um governo interino simbólico, respaldado na época por cerca de 50 governos.
Após as contestações internacionais à proclamação de Maduro, o governo venezuelano retirou seu pessoal diplomático de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
O Paraguai, por sua vez, exigiu a saída do pessoal diplomático venezuelano do país depois que Caracas rompeu relações, informou nesta segunda-feira a Presidência.
O governo "exige que o embaixador Ricardo Capella e o pessoal diplomático acreditado no Paraguai abandonem o país nas próximas 48 horas", diz o comunicado, que "ratifica o firme e contundente apoio do Paraguai ao direito do povo venezuelano a viver em uma democracia".
O rompimento de relações com o Paraguai ocorre quatro dias antes da posse de Maduro para um terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), em meio a denúncias de fraude feitas pela oposição, que reivindica a vitória de González, exilado desde 8 de setembro.
A reeleição do herdeiro político de Hugo Chávez desencadeou protestos que resultaram em 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 presos, incluindo adolescentes, acusados de terrorismo e encarcerados em prisões de segurança máxima. Cerca de 1.500 já foram liberados.