Dominique Pelicot, condenado a 20 anos de prisão na França
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Dominique Pelicot, condenado a 20 anos de prisão na França

O aposentado Dominique Pelicot , francês condenado a 20 anos de prisão por drogar a ex-mulher para estuprá-la com estranhos, intriga psiquiatras com o seu perfil nada convencional. 

Preso em 2021, o aposentado de 68 anos foi levado em uma das prisões mais conhecidas da França, Les Baumettes, em Marselha . Segundo a BBC , o lugar parecia hostil, com membros das gangues e traficantes de drogas, mesmo assim, Pelicot parecia tranquilo. 

Após a denúncia de crimes bárbaros, um psiquiatra foi um dos primeiros a examinar o aposentado. A razão para procurar o diagnóstico de um especialista era: por que um senhor de aparência cordial cometeu crimes de natureza tão grotesca?

A reportagem do veículo britânico descreve que Pelicot  “aguardava calmamente o julgamento por dopar a esposa, Gisèle Pelicot, e convidar dezenas de estranhos para estuprá-la enquanto ela estava deitada, inconsciente, no quarto do casal”.

É compreensível que um homem na situação de Pelicot, condenado por estupro,  e com grande possibilidade de morrer na prisão, tenha uma aparência abatida. Em alguns breves momentos, ele chegou a chorar abertamente no tribunal, mas na maior parte do tempo, ele mantinha uma pose mais séria, sentado na cadeira do tribunal, como se estivesse em um trono. 


"Eu sou um estuprador, como os outros nesta sala. Eles sabiam de tudo", ele disse.

Personalidade fragmentada e crimes antigos

Durante as investigações, o psiquiatra Christophe Layet descreveu Pelicot como um homem que não apresenta transtornos mentais graves nem é incapaz de distinguir realidade e ficção. No entanto, segundo Layet, Pelicot demonstra uma divisão em sua personalidade, comparável a um disco rígido de computador com partes isoladas. Uma dessas “partes” seria sua identidade aparentemente normal; a outra, o lado cruel e premeditado revelado durante seus crimes.

Em julgamento, Layet detalhou que Pelicot apresenta um transtorno de personalidade antissocial, marcado pela falta de empatia. Esse comportamento pode ter sido intensificado por abusos sexuais sofridos na infância. “Sua personalidade dividida é muito eficaz e muito sólida. Ou temos o ‘Sr. Pelicot normal’ ou o outro Sr. Pelicot à noite, no quarto”, afirmou o especialista.

O passado criminoso de Pelicot também trouxe à tona dois casos antigos. Em 1999, ele foi acusado de atacar e tentar estuprar uma agente imobiliária em Paris, e em 1991, é investigado pelo estupro e assassinato de outra mulher. Em ambos os casos, Pelicot nega envolvimento, apesar de evidências de DNA ligá-lo aos crimes. A advogada Florence Rault destacou que os delitos mais recentes podem ser o ápice de um longo histórico de crimes premeditados.

Comportamento calculista e narcisista

Durante o julgamento, testemunhas e especialistas enfatizaram o comportamento calculado de Pelicot. Rault relatou que suas ações são cuidadosamente planejadas, contrariando a ideia de que ele agiria por impulso. A advogada também ressaltou o narcisismo do condenado, que se concentrava no amor que acreditava receber da família, ignorando a traição cometida contra eles.

No tribunal, Pelicot negou veementemente acusações de ter abusado da própria filha, Caroline, apesar de provas que incluem fotos perturbadoras tiradas sem o consentimento dela. A incerteza sobre os possíveis abusos tem causado grande sofrimento à vítima.

Ao final do julgamento, o mistério sobre a mente de Dominique Pelicot permanece. Ele não é considerado incapaz ou louco, mas sim um criminoso cujos traços antissociais e premeditação detalhista seguem sendo estudados por especialistas.


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