Vaticano remove menino Jesus com lenço palestino de presépio; imagem gerou polêmica

Comunidade judaica criticou a escolha do Vaticano

Papa Francisco reza em frente a um presépio durante a audiência geral semanal no salão Paulo VI no Vaticano, em 11 de dezembro de 2024. Durante sua inauguração em 7 de dezembro de 2024, o 'Menino Jesus' foi exibido em um lenço keffiyeh.
Foto: ANDREAS SOLARO / AFP
Papa Francisco reza em frente a um presépio durante a audiência geral semanal no salão Paulo VI no Vaticano, em 11 de dezembro de 2024. Durante sua inauguração em 7 de dezembro de 2024, o 'Menino Jesus' foi exibido em um lenço keffiyeh.


Vaticano removeu a figura que representava o menino Jesus envolto em um keffiyeh, lenço símbolo da resistência palestina, do presépio exibido na Sala Paulo VI, palco das audiências gerais do papa Francisco nos meses de frio.

Uma imagem (acima) mostra a montagem sem o lenço e sem o menino Jesus, que, tradicionalmente, é devolvido ao presépio na noite de Natal.

A obra foi realizada por artistas palestinos de Belém, na Cisjordânia ocupada, mas fotos do Papa diante de um símbolo tão marcante para a causa palestina incomodaram a comunidade judaica.

Repercussão

O presidente da Federação da Amizade Hebraico-Cristã da Itália, Marco Cassuto Morselli, expressou "desconcerto" com o menino Jesus sobre o keffiyeh, enquanto o rabino-chefe de Gênova, Giuseppe Momigliano, afirmou que o episódio é "particularmente inquietante" por ignorar a origem judaica de Cristo.

Já o artista palestino Taisir Hasbun, curador do presépio, disse que o projeto é uma "ocasião para os cidadãos de Belém [terra natal de Cristo] serem ouvidos".

"Esse é um modo de fazer com que os visitantes presentes na Sala Paulo VI saibam da nossa existência", explicou ele ao Vatican News.

Francisco tem feito recorrentes apelos em defesa da paz no Oriente Médio e, em um livro publicado recentemente, pediu investigações "cuidadosas" para apurar se a guerra na Faixa de Gaza pode se configurar como "genocídio".