Conflito na Síria:  entenda as origens da guerra civil

Guerra civil, que já dura 13 anos, ganhou novos desdobramentos com os rebeldes Jihadistas avançando em territórios controlados por de Bashar al-Assad

Guerra civil síria teve início em 2011, quando protestos pacíficos contra o regime de Bashar al-Assad, inspirados pela Primavera Árabe, foram violentamente reprimidos
Foto: Bakr ALKASEM
Guerra civil síria teve início em 2011, quando protestos pacíficos contra o regime de Bashar al-Assad, inspirados pela Primavera Árabe, foram violentamente reprimidos

A guerra civil na Síria , que já dura 13 anos, ganhou novos desdobramentos neste sábado (7), com os rebeldes Jihadistas da Organização para a Libertação do Levante (HTS) avançando em territórios controlados pelo governo de Bashar al-Assad . O grupo tomou a cidade de Homs , um ponto estratégico que conecta Damasco à costa mediterrânea, além de Sanamayn , a 20 km da capital, e a província de Suweida , próxima à Jordânia .  

Esses movimentos ocorreram dias após a conquista da estratégica cidade de Hama e de Aleppo , a segunda maior cidade do país, marco inicial da ofensiva mais significativa desde o início do conflito. Em resposta, forças do Exército sírio recuaram, e milhares de soldados atravessaram a fronteira para o Iraque, conforme relataram autoridades locais.  

Como a guerra começou


A guerra civil síria teve início em 2011, quando protestos pacíficos contra o regime de Bashar al-Assad, inspirados pela Primavera Árabe, foram violentamente reprimidos. A repressão resultou na militarização do conflito e no surgimento de diversos grupos armados, entre eles o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que desempenha papel central nos combates atuais.  

Liderado por Abu Mohammed al-Golani, o HTS nasceu como o braço sírio da Al-Qaeda, mas rompeu laços com a organização em 2016. Embora tenha buscado se reposicionar politicamente e até promovido gestos simbólicos, como permitir celebrações cristãs em Idlib, o grupo segue sendo classificado como organização terrorista pelos EUA e pela ONU.  

Os atores do conflito  


Além do regime de Assad, que conta com o apoio da Rússia, Irã e do Hezbollah, outros grupos influenciam o cenário:  

- Rebeldes jihadistas: Liderados pelo HTS, têm concentrado seus esforços em regiões como Idlib e Aleppo.  

- EUA e Israel: Realizam ataques pontuais contra alvos do regime e de milícias iranianas. Os EUA mantêm tropas no nordeste da Síria para conter o ressurgimento do Estado Islâmico.  

- Curdos: Representados pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), controlam o nordeste do país com apoio dos EUA, mas enfrentam tensões com a Turquia.  

- Turquia: Controla territórios ao norte e exerce influência sobre facções opositoras.  

Por que o conflito se reacendeu?


Especialistas apontam três fatores que possibilitaram o avanço rebelde:  

1. Debilidade do Hezbollah, após intensos ataques israelenses nos últimos meses.  

2. Cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano, que permitiu redistribuição de forças.  

3. Diminuição do suporte russo, já que o país concentra seus recursos na guerra na Ucrânia.  

Importância de Aleppo no conflito


Aleppo, com sua localização estratégica e histórico cultural, simbolizou tanto o apogeu da resistência rebelde quanto a força do regime. A cidade foi reconquistada por Assad em 2016, após intenso bombardeio apoiado pela Rússia. No entanto, a retomada pelos rebeldes representa um novo desafio para o governo, que enfrenta dificuldades em manter o controle territorial.  

Enquanto o conflito segue, o destino da Síria permanece incerto, com civis enfrentando os custos de uma guerra que já deixou milhões de mortos e deslocados.