Os deputados franceses, de esquerda e de direita, se juntaram e derrubaram na quarta-feira (4) o então primeiro-ministro francês, Michel Barnier . A decisão aconteceu em meio a uma crise política e polêmicas econômicas na França. Porém fica a dúvida: o que acontece agora?
O que está acontecendo na França?
Emmanuel Macron , presidente da França , causou tumulto desde a própria eleição. Em junho, o político fez uma aposta política e dissolveu a Assembleia Nacional, levando a eleições parlamentares antecipadas .
Essa eleição, com uma mudança para primeiro e segundo turno, mostrou maioria de esquerda em cadeiras (mais deputados da coalizão Nova Frente Popular, NFP). E a maioria queria ser ouvida e ter peso na decisão de escolha do novo primeiro-ministro. Mas Macron ignorou e escolheu sozinho.
Michel Barnier foi escolhido como premiê, para desagrado da NFP e sensação de traição da esquerda, que o elegeu. Por isso, os deputados planejaram uma moção de censura para derrubar o primeiro-ministro.
Caos econômico na França
Uma grande crise na França começou com a apresentação do orçamento de 2025. O país enfrenta um crescente déficit público, e o governo decidiu acabar com ele por meio de mais impostos e cortes de gastos, somando 60 bilhões de euros.
Mas, em vez de passar o plano para a Assembleia, Barnier fez uma manobra constitucional polêmica e aprovou o plano sem os deputados.
Depois de muita briga, as bancadas de esquerda e direita da Assembleia se juntaram para pedir a cabeça de Barnier. Eles pediram uma moção de censura para a decisão, e nesta quarta-feira (4), o premiê perdeu a moção desconfiança - ou seja, a maioria dos deputados votaram na não-confiança dele.
O que vai acontecer na França agora?
Da última vez que um premiê foi derrubado, o presidente dissolveu a Assembleia, fez novas eleições para deputados e reindicou o primeiro-ministro caído. Macron, por ter dissolvido a câmara recentemente, precisará esperar até o meio de 2025 para poder fazer de novo. (em entrevista, Barnier disse não ver sentido em nova nomeação).
Mas, mesmo que o faça, até lá o jogo não muda muito. Cabe a Macron indicar um substituto para Barnier (que segue no cargo no meio tempo), mas não existe prazo para isso.
Espera-se, então, que Macron escolha outro nome. Os mais esperados são o atual ministro da defesa, Sebástien Lecornu , ou François Bayrou , aliado centrista de Macron.
O grande desafio para Macron, na verdade, vai ser agradar todos. Os deputados franceses estão bem divididos entre esquerda, extrema direita e direita, e cada um apoia uma causa e pessoas. Embora haja a junção extraordinária para retirada de Barnier, será difícil dar sequência a isso na escolha de novo nome.
Renúncia de Macron
Com a retirada e moção de censura para Barnier, a NFP pediu, também, a renúncia de Macron como presidente da França . Mas a pressão cresce, pois a direita não o tinha como candidato inicialmente, e apoia Marine Le Pen .
Ela, inclusive, provou Macron com a situação e deixou subentendida necessidade de novas eleições presidenciais: "Cabe à sua consciência decidir se pode sacrificar a ação pública e o destino da França por seu orgulho,” disse.
Por ora, Macron não parece inclinado à renúncia.
** Jornalista pelo Mackenzie e cientista social pela USP, trabalha com redação virtual desde 2015 e teve passagem em grandes redações do Brasil. Curte cultura, política e sociologia.