Quem é Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul que impôs lei marcial no país

Chefe de Estado decretou a lei marcial com o objetivo de proteger o país das "forças comunistas"

Presidente sul-coreano anunciou a medida de surpresa em pronunciamento nas TVs
Foto: AFP
Presidente sul-coreano anunciou a medida de surpresa em pronunciamento nas TVs

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, impôs nesta terça-feira (3)  a Lei Marcial no país. O decreto restringe o acesso a direitos civis e substitui a legislação normal por leis militares.

Ele acusou a oposição de se aliar à Coreia do Norte e justificou a medida dizendo que ela iria "limpar" o território de aliados de Pyongyang. Entretanto, a oposição o acusou de usar o conflito para controlar o Parlamento.

"Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre", disse em pronunciamento na TV.

Pouco após Yeol anunciar a Lei Marcial, os parlamentares sul-coreanos já votaram para bloquear o decreto. Dos 300 membros, 190 estavam presentes na Assembleia Nacional, e todos votaram contra a medida.

“O presidente deve suspender imediatamente a lei marcial de emergência após a votação pela Assembleia Nacional. Agora, a declaração de lei marcial de emergência é inválida”, disse Woo Won-sik, o presidente da Assembleia Nacional.

Quem é Yoon Suk Yeol

Nascido em 1960 em Samseon-dong, em Seul, Yoon Suk Yeol é presidente da Coreia do Sul desde 2022.

Representando o Partido do Poder Popular, da ala conservadora, foi eleito no pleito mais acirrado de todos os tempos no país, com menos de um ponto percentual de diferença do rival Lee Jae-myung, do Partido Democrata.

Considerado um 'novato' da política, Yoon ganhou destaque em sua atuação como promotor por suas investigações intransigentes sobre alguns dos principais escândalos de corrupção do país, como a condenação da ex-presidente Park Geun-hye por abuso de poder.

Como principal promotor do país em 2019, ele também indiciou um importante assessor do presidente Moon Jae-in por fraude e suborno em um caso que manchou a imagem íntegra do governo.

A atuação como promotor fez com que Yoon se tornasse "ícone" dos conservadores e chamasse a atenção do partido pelo qual saiu como candidato presidencial.

Em sua campanha eleitoral, fez promessas controversas como a abolição do Ministério da Igualdade de Gênero e adotou uma postura aversiva em relação aos vizinhos norte-coreanos. Após a eleição, Yoon recuou em alguns planos polêmicos, mas manteve o tom de seu discurso sobre a Coreia do Norte.

Isso porque Yoon  tem encontrado dificuldade para impor seu plano de governo contra um Parlamento controlado pela oposição. Com isso, desde que assumiu o cargo, seu índice de aprovação despencou nos últimos meses.

Além disso, o presidente tem usado todos os meios para impedir investigações independentes sobre escândalos envolvendo sua esposa e altos funcionários. A postura tem atraído a atenção e a repressão de seus rivais políticos, que já tentaram aprovar moções para impeachment de três promotores importantes, incluindo o chefe do Gabinete do Promotor Público do Distrito Central de Seul.

O líder da oposição Lee Jae-myung, que perdeu por pouco para Yoon na eleição presidencial de 2022, é considerado o favorito para a próxima eleição presidencial em 2027 em pesquisas de opinião.