'Nostradamus americano' explica porque errou previsão para as eleições dos EUA

Historiador havia apontado vitória de Kamala Harris; ele acertou 9 dos últimos 11 resultados de eleições presidenciais americanas

O único outro erro do historiador foi na eleições de Georgie Bush, em 2000
Foto: ANGELA WEISS
O único outro erro do historiador foi na eleições de Georgie Bush, em 2000


Allan Lichtman , historiador conhecido como o " Nostradamus americano ", até este ano só havia errado uma vez o resultado das eleições presidenciais nos  EUA dos últimos 40 anos. Nesta semana, porém, ele errou pela segunda vez. Agora, ele tem 9 acertos em 11 previsões.

O homem de 77 anos previu a vitória de  Kamala Harris nas eleições do último dia 5, disputa que era vista como acirrada pelos institutos de pesquisas eleitorais.  Donald Trump saiu vitorioso e foi eleito como presidente dos Estados Unidos em uma vitória ampla, com ao menos 295 delegados conquistados de 538 (25 a mais do que os 270 necessários para ganhar a eleição).

Antes das eleições, Allan Lichtman afirmou: "Minha previsão, baseada no sistema das chaves para a Casa Branca, que se provou correta [nas eleições dos EUA] por 40 anos, é que teremos um presidente sem precedentes: Kamala Harris se tornará a primeira mulher presidente dos Estados Unidos".

Em uma live em seu canal no YouTube na quinta-feira (7), o professor de História da American University em Washington, D.C. admitiu o erro, mas defendeu seu método. "Mas eu estive longe de ser o único analista a estar errado. A maioria dos outros modelos também errou", disse.

O método de previsão

Lichtman criou seu método, chamado "As Chaves para a Casa Branca", ou "As 13 Chaves", em parceria com o sismólogo soviético Vladimir Keilis-Borok, com base em um sistema usado para prever terremotos.

Ele consiste em 13 enunciados, ou "chaves", que avaliam o quão bem o partido do atual presidente está governando o país. Se seis ou mais afirmações forem positivas, o candidato do mesmo partido irá ganhar a eleição. Se cinco ou menos “chaves” forem positivas, a oposição será eleita.

Em 2024, o historiador previa que Kamala Harris seria a próxima presidente dos Estados Unidos, já que a democrata ganharia em nove das 13 chaves analisadas.

Entre os pontos positivos de Harris estavam a unidade do partido por trás de sua candidatura, os resultados positivos da administração Biden, a saúde da economia americana e as ausências de escândalos e de revolta social. Para justificar a falha, Lichtman afirmou que "não foi apenas uma falha singular das chaves. Foi muito mais amplo do que isso".

Ele afirmou, por exemplo, que Kamala Harris não teve seu nome testado em nenhuma primária do Partido Democrata, já que Biden era o escolhido da sigla pelo processo normal de nomeação, e a vice foi alçada a cabeça de chapa após sua desistência. Para o historiador, o fato de a campanha de Harris ter começado 16 semanas antes do dia da eleição também foi um fator que bagunçou as previsões.

Ele cita ainda uma "explosão incrível de desinformação" nas redes sociais, incluindo o X, cujo dono é Elon Musk , que participou ativamente da campanha de Trump. Isso teria influenciado na percepção do público sobre a gestão do atual presidente, o democrata Joe Biden. Ele mantém a confiança em seu sistema de predição e afirma não ter atribuído incorretamente nenhuma das chaves.

As 13 Chaves

Conheça as “13 Chaves”, método de previsão desenvolvido pelo historiador Allan Lichtman:

  • Mandato do partido: Após as eleições de meio de mandato, o partido do governo ocupa mais assentos na Câmara dos Deputados dos EUA do que ocupava após as eleições de meio de mandato anteriores.
  • Contestação: Não há contestação séria para a nomeação do partido incumbente.
  • Incumbência: O candidato do partido no poder é o presidente em exercício.
  • Terceiro partido: Não há campanha significativa de um terceiro partido ou independente.
  • Economia de curto prazo: A economia não está em recessão durante a campanha eleitoral.
  • Economia de longo prazo: O crescimento econômico real per capita durante o mandato é igual ou superior ao crescimento médio durante os dois mandatos anteriores.
  • Mudança de política: O governo vigente realiza mudanças importantes na política nacional.
  • Agitação social: Não há agitação social sustentada durante o mandato.
  • Escândalo: O governo em exercício não é manchado por um grande escândalo.
  • Carisma do candidato da situação: O candidato do partido em exercício é carismático ou um herói nacional.
  • Carisma do desafiador: O candidato do partido desafiador não é carismático ou um herói nacional.
  • Fracasso militar/externo: O governo vigente não sofre um grande fracasso em assuntos externos ou militares.
  • Sucesso militar/externo: O governo vigente alcança um grande sucesso em assuntos externos ou militares.


Usado desde as eleições de 1984, o sistema das chaves só havia errado uma vez até então: em 2000, quando George W. Bush foi eleito para seu primeiro mandato, superando o democrata Al Gore.


Nessa disputa, a margem de vitória foi muito pequena em termos de delegados, e a vitória de Bush foi decretada após a decisão da Suprema Corte de suspender a recontagem de votos no estado da Flórida.

** Formado em jornalismo pela UFF, em quatro anos de experiência já escreveu sobre aplicativos, política, setor ferroviário, economia, educação, animais, esportes e saúde. Repórter de Último Segundo no iG.