Mais de 70 baleias aparecem mortas na Patagônia argentina; motivo pode ser "maré vermelha"

Mortes vem subindo nos últimos anos

A Patagônia argentina tem registrado um elevado incremento turístico nos últimos anos. Segundo dados do governo argentino, em dezembro de 2023 o número de turistas na região glacial no sul do país foi 47% maior em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Foto: Reprodução: Flipar
A Patagônia argentina tem registrado um elevado incremento turístico nos últimos anos. Segundo dados do governo argentino, em dezembro de 2023 o número de turistas na região glacial no sul do país foi 47% maior em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A Península Valdés, localizada em Chubut, Patagônia Argentina , enfrenta uma tragédia ambiental, com dezenas de mortes de baleias da espécie franca austral nos últimos dias. Até a última quarta-feira (6), 71 cadáveres haviam sido registrados nas costas da região. Esse número representa um aumento alarmante em comparação aos anos anteriores: em 2022, foram 13 mortes; em 2023, o total subiu para 30, segundo o jornal Tiempo Sur.

Embora especialistas expliquem que esse tipo de evento ocorre naturalmente nos mares do mundo, o aumento significativo nas mortes das baleias gera preocupações. Gabriela Bellazzi, presidente do Conselho Deliberativo de Puerto Pirámides e integrante da rede de encalhes, sugeriu, ao GLOBO, que o fenômeno pode estar relacionado à presença de uma toxina natural, associada à "maré vermelha". Essa toxina, que é liberada por algas durante o fenômeno de floração algal nociva, é potencialmente fatal para as baleias.

De acordo com Bellazzi, a maré vermelha é mais comum durante a primavera, quando as temperaturas marítimas aumentam. As algas que liberam essa toxina acabam sendo consumidas pelos organismos marinhos que as baleias ingerem. O processo de filtração dessas criaturas pelas baleias pode resultar em níveis letais da substância, contribuindo para a morte dos mamíferos.

Além disso, a morte das baleias traz consequências ambientais e de segurança. Com o acúmulo de corpos nas costas, a decomposição dos animais gera gases que podem causar explosões. Para evitar que isso aconteça em áreas turísticas, empresas e organizações locais têm se mobilizado para remover os cadáveres. O Ministério do Turismo da província de Chubut informou que está trabalhando em conjunto com outras entidades para realizar a relocação dos corpos.

Na remoção das baleias, estão envolvidos diversos órgãos, incluindo a Direção de Flora e Fauna, a Administração de Vialidade Provincial, a Administração da Área Natural Protegida Península Valdés, o município de Puerto Pirámides, a Rede Fauna e os barqueiros responsáveis pela observação turística das baleias.

O governo provincial, liderado por Ignacio Torres, também se manifestou sobre o ocorrido. O relatório do Programa de Monitoramento Sanitário da Baleia Franca Austral, que monitora as mortes de baleias, indicou que entre os dias 19 e 29 de outubro, 21 baleias foram encontradas mortas, incluindo duas crias. A principal hipótese é que o consumo de algas tóxicas durante uma floração algal nociva no Golfo Nuevo tenha sido a causa.