Com o aumento da preocupação de que as eleições presidenciais nos Estados Unidos possam resultar em episódios de violência e questionamentos sobre a legitimidade dos resultados, procuradores-gerais de todo o país lançaram um apelo conjunto por uma "transição pacífica de poder". ( Veja o comunicado na íntegra abaixo )
A declaração, que geralmente é direcionada a regiões com processos eleitorais instáveis, foi publicada nesta segunda-feira (4) pela Associação Nacional de Procuradores-Gerais (NAAG) , uma coalizão bipartidária. A decisão é vista como uma demonstração da fragilidade que ronda a democracia americana neste ciclo eleitoral.
A apreensão em torno das eleições ocorre enquanto a campanha do ex-presidente Donald Trump sinaliza que não aceitará uma possível derrota. O empresário e seus aliados já articulam estratégias para contestar os resultados eleitorais.
Por outro lado, a campanha democrata de Kamala Harris
, que entrou na disputa após a substituição de Joe Biden, vem alertando sobre os riscos desse movimento e planejando uma resposta caso Trump se declare vencedor antes do fim da apuração, possivelmente na madrugada de terça para quarta-feira.
Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, intensificou a tensão ao convocar a base republicana para "proteger" o sistema eleitoral, com manifestações nas ruas. A fala alarmou as autoridades de segurança, que temem que grupos mais radicais usem da violência para apoiar uma eventual contestação dos resultados.
Posicionamento da NAAG
A NAAG se posicionou sobre a situação por meio de um comunicado oficial: “Independentemente do resultado da eleição de terça-feira, esperamos que os americanos respondam pacificamente e condenamos quaisquer atos de violência relacionados aos resultados”, afirmou o grupo, que inclui 51 procuradores-gerais de estados como Ohio, Oregon, Connecticut e Kansas.
Washington D.C. adotou medidas de segurança inéditas, reforçando a proteção da cidade em antecipação ao dia da eleição. Em comunicado, o governo de Joe Biden alertou que não tolerará atos violentos que possam ameaçar o processo democrático.
"Uma transferência pacífica de poder é o maior testemunho do estado de direito, uma tradição que está no centro da estabilidade de nossa nação. Como Procuradores-Gerais, afirmamos nosso compromisso de proteger nossas comunidades e defender os princípios democráticos aos quais servimos", reforçou a coalizão. "Pedimos a todos os americanos que votem, participem de discursos civis e, acima de tudo, respeitem a integridade do processo democrático", apelaram os procuradores.
Eleição marcada por polarização
Nesta terça-feira, os norte-americanos saberão quem lidera o país a partir de 2025. A disputa tem sido caracterizada por um cenário de crescente hostilidade. Em dois episódios separados, Trump foi alvo de ameaças de violência: durante um comício na Pensilvânia , uma bala de raspão atingiu sua orelha, um incidente que sua campanha usou como símbolo de resiliência.
Em outra ocasião, agentes secretos impediram uma ameaça enquanto o candidato jogava golfe na Flórida.
As pesquisas apontam para um empate técnico entre Harris e Trump, e a corrida eleitoral é acompanhada de uma onda de desinformação e discursos polarizados. Personalidades como Elon Musk, aliado dos republicanos, têm colaborado com a difusão de mensagens controversas.
Trump persiste nas alegações de fraude nas eleições de 2020. Durante a campanha, ele também prometeu uma “deportação em massa” e acusou imigrantes de serem responsáveis por crimes absurdos.
A economia, fragilizada e com baixa geração de renda média, agrava o clima de insatisfação. A situação torna as eleições de 2024 um momento decisivo não só para a política interna dos EUA, mas para sua postura no cenário global.
Veja a declaração na íntegra
Washington, DC, 4 de novembro de 2024 — A Associação Nacional de Procuradores-Gerais (NAAG) divulgou a seguinte declaração hoje em nome de uma coalizão bipartidária de 51 procuradores-gerais, liderada pelo procurador-geral de Ohio, Dave Yost, pela procuradora-geral do Oregon e presidente da NAAG, Ellen Rosenblum, pelo procurador-geral de Connecticut, William Tong, e pelo procurador-geral do Kansas, Kris Kobach:
“ Independentemente do resultado da eleição de terça-feira, esperamos que os americanos respondam pacificamente e condenamos quaisquer atos de violência relacionados aos resultados. Uma transferência pacífica de poder é o maior testamento do estado de direito, uma tradição que está no cerne da estabilidade da nossa nação. Como procuradores-gerais, afirmamos nosso compromisso de proteger nossas comunidades e defender os princípios democráticos que servimos.
Apelamos a todos os americanos para votar, participar do discurso civil e, acima de tudo, respeitar a integridade do processo democrático. Vamos nos unir após esta eleição, não divididos pelos resultados, mas unidos em nosso compromisso compartilhado com o estado de direito e a segurança de todos os americanos. A violência não tem lugar no processo democrático; exerceremos nossa autoridade para fazer cumprir a lei contra quaisquer atos ilegais que a ameacem. ”
Estados e Territórios Participantes
Alabama, Alasca, Samoa Americana, Arizona, Arkansas, Califórnia, Colorado, Connecticut, Delaware, Distrito de Columbia, Flórida, Geórgia, Havaí, Idaho, Illinois, Iowa, Kansas, Kentucky, Louisiana, Maine, Maryland, Massachusetts, Michigan, Minnesota, Mississippi, Missouri, Nebraska, Nevada, Nova Hampshire, Nova Jersey, Novo México, Nova York, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Ilhas Marianas do Norte, Ohio, Oklahoma, Oregon, Pensilvânia, Rhode Island, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Tennessee, Utah, Vermont, Ilhas Virgens Americanas, Virgínia, Washington, Virgínia Ocidental, Wisconsin, Wyoming.