O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (23) que chegou a "hora" de acabar com a guerra em Gaza e fez um apelo a Israel para que evite uma escalada no conflito com o Irã.
O secretário de Estado americano fez o comentário em Tel Aviv durante sua 11ª visita ao Oriente Médio desde o início da guerra na Faixa de Gaza, a primeira desde a intensificação do confronto entre Israel e o movimento islamista libanês Hezbollah no Líbano.
"Desde 7 de outubro do ano passado, Israel alcançou a maioria de seus objetivos estratégicos no que diz respeito de Gaza (...) Agora é a hora de transformar estas conquistas em um sucesso duradouro e estratégico", declarou Blinken antes de deixar Israel e viajar para a Arábia Saudita.
Em uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Blinken afirmou que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, pode abrir o caminho para um cessar-fogo em Gaza.
Sinwar foi o idealizador dos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadearam a atual guerra em Gaza.
Netanyahu disse a Blinken que a morte de Sinwar "pode ter um efeito positivo sobre o retorno dos reféns" sob poder do Hamas em Gaza.
Situação em Gaza
O único centro médico parcialmente operacional no norte de Gaza, alvo dos recentes ataques israelenses, está "sem medicamentos ou suprimentos", alertou Hossam Abu Safia, diretor do hospital Kamal Adwan.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira que a vacinação das crianças palestinas contra a pólio em Gaza foi interrompida devido aos "intensos bombardeios" israelenses.
"As atuais condições tornam impossível que as famílias tragam as crianças de forma segura para serem vacinadas e que os profissionais de saúde façam o seu trabalho", afirmou a organização em um comunicado.
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) anunciou nesta quarta-feira que mais um de seus funcionários morreu em Gaza, depois que uma automóvel da agência foi sido alvo de um ataque.
Morte de dirigente do Hezbollah
Blinken também pediu a Israel que evite uma "escalada" na resposta ao Irã, que lançou quase 200 mísseis contra o território israelense em 1º de outubro.
Neste sentido, o presidente do Irã, Masud Pezeshkian, pediu aos países que integram o Brics, reunidos em um encontro de cúpula na Rússia, que "utilizem todas as suas capacidades coletivas e individuais para acabar com a guerra em Gaza e no Líbano".
Israel enfrenta, ao mesmo tempo, o movimento palestino Hamas em Gaza e o Hezbollah no sul do Líbano.
O Exército israelense anunciou na terça-feira ter "eliminado" Hashem Safieddine, provável sucessor de Hassan Nasrallah como líder do Hezbollah, durante um bombardeio no sul de Beirute em 4 de outubro.
O Hezbollah ainda não confirmou a morte.
Além dos bombardeios, Israel iniciou em 30 de setembro uma ofensiva terrestre no sul do Líbano para neutralizar o Hezbollah na região e permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte de seu território, que abandonaram a área devido aos lançamentos constantes de foguetes no último ano.
O Exército israelense pediu nesta quarta-feira aos moradores da cidade libanesa de Tiro (sul) que abandonem a área antes de um ataque contra o Hezbollah, que por sua vez anunciou ter disparado foguetes contra uma instalação militar ao norte de Haifa, em Israel.
A estatal Agência Nacional de Notícias libanesa relatou "ataques inimigos intensos" em vários pontos de Tiro, o que provocou um êxodo. Os bombardeios israelenses provocaram a fuga de parte da população do sul do Líbano.
Pelo menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, quando Israel começou a bombardear alvos do Hezbollah no país, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais.
Em meados de outubro, a ONU contabilizou quase 700.000 pessoas deslocadas no país.
Em 7 de outubro de 2023, milicianos do Hamas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses que inclui reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Dos 251 sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declarados mortos pelo Exército.
A ofensiva israelense em Gaza, onde antes da guerra viviam 2,4 milhões de pessoas, resultou até agora em 42.792 mortos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.