O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou, nesta terça-feira (24), que Israel continuará bombardeando as posições do Hezbollah no Líbano , em meio à escalada das hostilidades entre o Exército israelense e o movimento islamista apoiado pelo Irã.
"Continuaremos atacando o Hezbollah (...). E digo ao povo libanês: nossa guerra não é contra vocês, nossa guerra é contra o Hezbollah", declarou Netanyahu em um vídeo divulgado por seu gabinete.
Comunicado israelense afirma também que 'eliminou' comandante do Hezbollah em bombardeio em Beirute.
Uma guerra total é inevitável?
O intenso fogo cruzado dos últimos dias entre Israel e o Hezbollah , na fronteira com o Líbano, aponta para uma possível guerra total com muitas incógnitas, como as expectativas de cada parte e se haverá ou não uma invasão israelense.
Correspondentes da AFP em Jerusalém e Beirute falaram com autoridades e analistas sobre o que cada lado espera alcançar com os seus ataques e se há uma saída para a atual escalada.
A visão em Israel
As autoridades israelenses dizem que não têm outra escolha senão responder ao Hezbollah, que, com disparos regulares de foguetes durante quase um ano, forçou dezenas de milhares de israelenses a abandonar as suas casas perto da fronteira com o Líbano.
"As atividades do Hezbollah transformaram o sul do Líbano em um campo de batalha", disse um oficial militar israelense em uma coletiva de imprensa na segunda-feira.
Os objetivos da operação israelense nos últimos dias são enfraquecer a ameaça representada pelo Hezbollah, repelir os combatentes do movimento pró-Irã para longe da fronteira e destruir a infraestrutura implantada pela sua unidade de elite Radwan, de acordo com o oficial militar, que falou sob a condição de anonimato.
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O analista político israelense Michael Horowitz acredita que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, quer pressionar o Hezbollah a parar os seus ataques na zona fronteiriça, mesmo que não aconteça um cessar-fogo em Gaza com o Hamas, uma condição que o movimento libanês havia apresentado.
"Israel quer aumentar gradualmente a pressão sobre o Hezbollah e atacar com mais força para forçá-lo a repensar a sua estratégia de alinhamento com a situação em Gaza", explica Horowitz.
Os dois lados travaram uma guerra intensa de 34 dias no verão de 2006, que custou mais de 1.200 vidas do lado libanês, a maioria civis, e cerca de 160 do lado israelense, a maioria soldados. "A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia evitar o pior", acredita Horowitz.
Miri Eisen, coronel reformada e atual associada do Instituto Internacional de Contraterrorismo da Universidade Reichman, acredita que o Hezbollah compreende apenas a linguagem da força.
"A língua que (o Hezbollah) fala é uma linguagem de violência e força e isso significa que a ação contra eles é muito importante". "Não vi outra linguagem funcionar" nessa correlação de forças, destaca.
Embora as operações sejam atualmente realizadas por via aérea, Eisen acredita que poderá haver uma operação terrestre para garantir que o Hezbollah nunca possa fazer algo como o que o Hamas fez em 7 de outubro no sul de Israel.
"Acredito que existe a possibilidade de uma incursão terrestre, porque no final das contas temos que manter as forças do Hezbollah afastadas" da fronteira, afirma.
A visão no Líbano
Depois da sabotagem dos dispositivos de comunicação do Hezbollah na semana passada e do bombardeio que matou o comandante da unidade Radwan, Ibrahim Aqil, o número dois do movimento, Naim Qasem, afirmou que a batalha contra Israel entrou em uma "nova fase" de ajuste de "contas pendentes".
Na segunda-feira, mais de 550 pessoas morreram em bombardeios israelenses no Líbano, o maior número de vítimas em um único dia desde a guerra de 2006. E uma fonte do Hezbollah disse à AFP, sob condição de anonimato, que a situação é agora "semelhante" ao que aconteceu naquele ano. "As coisas estão tomando um rumo cada vez maior", comentou.
Amal Saad, analista libanês da Universidade de Cardiff, no País de Gales, acredita que o Hezbollah continua calibrando a sua resposta para evitar uma guerra total, uma atitude que já demonstrou depois de Israel ter matado o seu chefe militar, Fuad Shukr, em Beirute em julho.
Nesse sentido, Saad acredita que o Hezbollah realizará "uma escalada controlada", abaixo do limiar de uma guerra aberta, "embora qualitativamente diferente".
De todo modo, o movimento xiita ficará inflamado pela memória da guerra de 2006 e pela impressão de que soube lutar com mérito contra o Exército de Israel.
"São extremamente capazes, e eu diria mais eficazes do que os israelenses quando se trata de travar a guerra no terreno", diz Amal Saad. "Vimos isso historicamente, especialmente em 2006".
O líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, afirmou na semana passada que, no caso de uma operação terrestre israelense, seus combatentes serão capazes de enfrentar soldados inimigos no terreno e disparar foguetes ao mesmo tempo contra o norte de Israel.
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