A tentativa de assassinato contra Donald Trump durante um comício na Pensilvânia neste último sábado (13) marcou a história das eleições norte-americanas de 2024. O ocorrido, que foi registrado por diversos cliques, vídeos e relatos, deve ser repercutido ao longo de toda a campanha.
O autor do atentado foi identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos. Ainda não se sabe o motivo que o levou a atirar contra o magnata. No entanto, os apoiadores do republicano já apontam dois "culpados indiretos" pelo ocorrido: a mídia e a oposição.
A mídia norte-americana vem relatando supostos planos de Trump para usar as ferramentas governamentais em benefício próprio, incluindo para se vingar de oponentes políticos. Os aliados enxergam essas reportagens como uma tentativa de colocá-lo como um possível ditador.
Os oponentes de Trump também estão na berlinda: mesmo após seu discurso no domingo (14) quando afirmou que o debate político “nunca deve ser transformado num campo de batalha”, o presidente e concorrente do republicano, Joe Biden, também se tornou um dos "vilões" da narrativa.
Segundo os apoiadores de Trump, Biden e seus aliados criaram um ambiente "propício para a violência" ao afirmarem que o republicano poderia usar da autoridade para benefício próprio.
“Eles tentaram matá-lo de muitas outras maneiras, financeiramente, tentaram jogá-lo na cadeia”, disse Donald Trump Jr em uma entrevista na televisão no domingo. “É quase como se eles adorassem que isso tenha acontecido.”
O filho do magnata acredita que o episódio violento do comício na Pensilvânia é motivo para que a oposição pare de creditar o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro a ele, que havia descredibilizado o resultado das eleições recentemente.
Fortalecendo a narrativa
Além disso, o ataque a Trump aconteceu durante uma semana importante: nesta segunda (15), começa a Convenção Nacional Republicana em Milwaukee. E na quarta-feira (17), os partidos vão oficializar as candidaturas para Chefe do Executivo.
Com o atentado, a narrativa de perseguição - foco central da campanha do magnata - se fortalece ainda mais.
“Eles não estão realmente atrás de mim; eles estão atrás é de vocês”, é um refrão comum de Trump, estampado em camisetas, outdoors e adesivos de carros. “Estou apenas no caminho [deles].”
Agora, com a quase tentativa de assassinato em meio a centenas de apoiadores que ficaram aterrorizados com a possibilidade de perderem um líder, a fala de Trump pode ser interpretada até como uma autodeclaração de mártir.
Além disso, a emblemática foto com os punhos cerrados logo após o ataque endossa a narrativa de robustez, masculinidade e firmeza criada pelo republicano e seus aliados, numa tentativa de contrastar com a crise vivida na oposição com as confusões e o péssimo desempenho de Joe Biden ao longo da campanha.
Recalculando a rota
Os democratas já retiraram as críticas mais hostis a Trump e remarcaram a viagem de Biden ao Texas, que aconteceria nesta segunda. As medidas são uma clara "pausa" nas ofensivas contra o oponente diante do cenário político.
Agora, os aliados de Biden têm a importante tarefa de recalcular a rota da campanha considerando a influência do atentado na Pensilvânia no imaginário da população.
Se a vantagem de Trump era pequena nas pesquisas mais recentes, há chances dela aumentar nos próximos dias, uma vez que até os episódios "negativos" para a popularidade do republicano - como sua recente condenação, por exemplo - não surtiram efeitos significativos na sua liderança.
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