O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se solidarizou com o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, que anunciou neste sábado (6) a suspensão das relações diplomáticas com o Equador
em decorrência da invasão da embaixada mexicana em Quito, realizada por policiais equatorianos.
Em publicação no X, antigo Twitter, Lula chamou López Obrador de "amigo". "Toda minha solidariedade ao presidente e amigo", escreveu Lula, compartilhando nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Na nota, o governo brasileiro diz que a invasão da embaixada "constitui clara violação à Convenção Americana sobre Asilo Diplomático e à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que dispõe que os locais de uma missão diplomática são invioláveis".
"A medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização", acrescenta o comunicado do Itamaraty.
O que aconteceu
A invasão da embaixada do México pela polícia equatoriana aconteceu na noite desta sexta-feira (5). Os agentes invadiram a unidade para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava na embaixada após receber asilo político do México. Segundo a Associated Press, os policiais arrombaram as portas externas da embaixada.
Glas foi condenado a seis anos de prisão por corrupção em um caso envolvendo a Odebrecht, e estava na embaixada do México em Quito desde dezembro do ano passado.
A relação entre os dois países, que já não ia bem, se complicou nos últimos dias. A crise diplomática escalou quando, na quinta-feira (4), a embaixadora do México no Equador foi declarada "persona non grata" depois do país considerar que o governo de López Obrador fez comentários "infelizes" sobre as eleições equatorianas de 2023.
Na quarta-feira (3), o presidente mexicano havia comparado o assassinato de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador em 2023, à violência eleitoral que o México enfrenta atualmente. Além disso, ele disse que a então candidata de esquerda Luisa González, que perdeu as eleições, foi injustamente associada ao assassinato, chamando a mídia equatoriana de corrupta.
Na sexta-feira, o governo mexicano anunciou que concedeu asilo político a Glas, que alega sofrer perseguições da Procuradoria-Geral do Equador. Como reação a essa medida, o Ministério das Relações Exteriores do Equador disse que o México violou acordos de asilo político, e autoridades equatorianas pediram permissão ao país para entrar na embaixada e prender Glas. À noite, a invasão ocorreu.
Convenção internacional
Segundo a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961, embaixadas, consulados e demais locais de missão de um país dentro de outro são considerados invioláveis. Tanto o Equador quanto o México assinaram a convenção ainda na década de 1960.
Por serem espaços invioláveis, a entrada de agentes nesses locais depende de autorização prévia do chefe da missão estrangeira. Isso significa que a polícia equatoriana precisaria do aval da embaixadora mexicana para prender Glas.
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