O papa Francisco defendeu sua decisão de permitir que os padres abençoem casais do mesmo sexo, chamando de hipocrisia as críticas que recebeu. As bênçãos LGBT foram autorizadas por um documento do Vaticano chamado Fiducia Supplicans no mês passado, mas enfrentaram resistência, especialmente de bispos africanos.
"Ninguém se escandaliza se eu der minhas bênçãos a um empresário que talvez explore pessoas, e isso é um pecado muito grave. Mas eles se escandalizam se eu as dou a um homossexual", disse Francisco à revista católica italiana Credere. A Credere divulgou trechos da entrevista na quarta-feira (7), um dia antes de sua publicação.
Francisco, conhecido pela frase "Quem sou eu para julgar?" quando questionado sobre a homossexualidade, tem como missão promover uma Igreja Católica mais acolhedora e menos crítica. Os conservadores temem que isso mina os ensinamentos morais da Igreja.
Francisco defendeu a Fiducia Supplicans várias vezes, esclarecendo que as bênçãos não significam uma aprovação formal da Igreja para uniões entre pessoas do mesmo sexo. "Quando um casal se apresenta espontaneamente para solicitá-la, não se abençoa a união, mas simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram. Não a união, mas as pessoas", explicou em 26 de janeiro.
A Igreja Católica ensina que o sexo gay é pecaminoso e que as pessoas com atração pelo mesmo sexo, que não são consideradas pecaminosas, devem tentar ser castas. Francisco disse esperar que os críticos das bênçãos LGBT acabem por entendê-las, mas reconheceu que os africanos eram um "caso especial" em sua oposição à homossexualidade. Os bispos da África rejeitaram efetivamente a Fiducia Supplicans. Em alguns países africanos, a homossexualidade é severamente punida, com sentenças de prisão ou até mesmo a pena de morte.