Presidente da Guiana espera 'papel de liderança' do Brasil

Em entrevista ao brasileiro canal de notícias GloboNews, Irfaan Al disse que a consulta popular sobre a anexação de Essequibo é irregular

Foto: Reprodução/ Instagram
Irfaan Ali, presidente da Guiana


Nesta quarta-feira (6), o presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que a Venezuela é “muito imprevisível” e espera que o Brasil tenha “papel de liderança” frente à  situação de tensão crescente na fronteira. 

"Nós esperamos que o Brasil tenha um papel de liderança, um papel significativo em garantir que essa região se mantenha... O que a Guiana quer, a única ambição da Guiana é que essa região se mantenha uma região de paz e estabilidade, onde todos nós podemos coexistir em harmonia", diz o presidente da Guiana em entrevista exclusiva ao canal GloboNews.


No domingo (3), o presidente Lula (PT) disse esperar que ambos os lados tenham "bom senso". Ali disse que vê apoio do Brasil à Guiana, e considerou “muito madura” a resposta do governo brasileiro ao impasse. 

“Como você sabe, antes do referendo eu tive uma ligação com o presidente Lula. O presidente Lula e o governo brasileiro mandaram uma equipe de enviados para a Venezuela para conversar com o presidente Maduro. Nós vemos o governo brasileiro tomando medidas para garantir seu território."

O presidente da Guiana declarou ainda que não se preocupa com o fato do Brasil ter boa relação diplomática com a Venezuela.

“O Brasil tem uma boa relação conosco também e nós esperamos que a Venezuela aja com princípio. Nós conversamos com o presidente Lula e com o ministro do exterior (Mauro Vieira) e os dois garantiram que a Venezuela estará do lado certo da lei... Então, nós temos confiança de que o Brasil vai agir de maneira responsável, de maneira que seja condizente de um país que mostra maturidade e liderança”.

A preocupação que Ali não demonstrou com o Brasil cresce quando ele fala das ações do governo de Nicolás Maduro na Venezuela, que ele considera “muito imprevisível”. 

"Eles mandaram um recado à Corte Internacional de Justiça de que não estão preocupados com uma ordem internacional e com a ordem da Corte. Ao lidar com um estado como esse, você tem que garantir que está do lado da cautela, você tem que garantir que tem todos os sistemas no lugar para qualquer eventualidade, porque não há racionalidade, não há comportamento racional", argumentou Irfaan Ali.

Além disso, o presidente da Guiana reforçou o plebiscito realizado no domingo (3), que questionou a população venezuelana sobre a anexação de Essequibo ocorreu apesar de uma proibição da Corte Internacional de Justiça, e que a região que Maduro deseja anexar é rica em petróleo .