A hipótese de conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia na próxima cúpula de líderes do bloco sul-americano, em 7 de dezembro, no Rio de Janeiro, está cada vez mais distante.
Perto de deixar o cargo, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, se uniu ao coro dos céticos e afirmou que ainda não existem as condições para a assinatura do tratado.
"As conversas continuarão, e muito trabalho foi feito, mas não estão dadas as condições para firmar o acordo", declarou o chanceler em entrevista ao jornal La Nación.
"As demandas do Mercosul estão todas sobre a mesa e defendem os interesses da agricultura e da indústria. Como já dissemos em diversas ocasiões, um acordo pode ser benéfico, mas não qualquer acordo", ressaltou Cafiero.
O Mercosul, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, critica um documento adicional sobre meio ambiente apresentado pela UE e o artigo que permite a participação de empresas europeias em licitações governamentais no bloco sul-americano e vice-versa.
"Continuaremos trabalhando para conseguir as incorporações necessárias para que as lacunas e assimetrias entre os dois blocos não só nãoaumentem, cristalizando o Mercosul como fornecedor de matérias-primas, mas sejam reduzidas na formação de cadeias de valor equilibradas", disse o ministro.
Lula queria concluir o acordo até o fim do ano, durante a presidência brasileira no Mercosul, mas declarações dadas pelo mandatário da França, Emmanuel Macron, no fim da semana passada já haviam afastado essa hipótese.
"O acordo não é bom para ninguém, porque não posso pedir aos nossos agricultores e industriais na França que façam esforços, apliquem novas linguagens para descarbonizar, para abandonar certos produtos, enquanto são removidas todas as tarifas para importar produtos que não aplicam essas regras", destacou Macron.
Além disso, a Argentina terá um novo presidente a partir de 10 de dezembro, o ultraliberal Javier Milei, crítico do Mercosul.