Na França, Amorim pede cessar-fogo e saída de brasileiros de Gaza

Assessor reiterou que o Brasil condena os ataques terroristas contra o povo israelense e a tomada de reféns

Celso Amorim, ex-chanceler e ex-ministro da Defesa dos governos Lula e Dilma Rousseff
Foto: Casa de América
Celso Amorim, ex-chanceler e ex-ministro da Defesa dos governos Lula e Dilma Rousseff

O chefe da assessoria especial do  presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ex-ministro Celso Amorim participou, nesta quinta-feira (9), da Conferência Humanitária Internacional pela População de Gaza sobre Gaza na França, comandada pelo presidente francês, Emmanuel Macron .

Em discurso, Amorim pediu uma ação internacional urgente em favor da população civil na Faixa de Gaza e pede pela saída de brasileiros da região do conflito. "Enquanto faço este discurso, continuamos aguardando ansiosos a saída dos brasileiros de Gaza".

A cúpula reúne cerca de 40 países envolvidos em ações humanitárias pelo conflito entre Israel e o Hamas

Representando o Brasil, Amorim falou novamente que o país condena os ataques terroristas contra o povo israelense e a tomada de reféns. "A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente", disse o assessor.

Como solução, ele declara que é preciso o “reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível”.

Macron pede um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O líder da França disse que a pausa humanitária é "indispensável e inegociável", e que se trata de "uma necessidade imediata". Ele destacou o direito de Israel de se defender, mas respeitando o direito internacional e protegendo os civis de Gaza.


Veja a íntegra do discurso de Celso Amorim

Gostaria de agradecer ao Presidente Macron por convocar esta reunião.

Nas palavras do Presidente Lula, " inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra ".

Enquanto faço este discurso, continuamos aguardando ansiosos a saída dos brasileiros de Gaza.

A ação internacional em favor da população civil de Gaza é urgente.

O Brasil está contribuindo nas áreas de segurança alimentar e saneamento de água em Gaza.

Tendo fornecido à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) um total de US$ 20 milhões entre 2006 e 2016, estamos determinados a retomar nosso compromisso com a agência.

Uma contribuição financeira simbólica à UNRWA está sendo feita imediatamente.

Uma contribuição mais substancial está sendo preparada e será anunciada em breve.

Um cessar-fogo humanitário é essencial.

Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches devem ser respeitadas.
A saída dos feridos deve ser garantida.

É profundamente perturbador que quase cem membros da equipe da ONU tenham perdido a vida em Gaza.

Reitero a condenação do Brasil aos ataques terroristas contra o povo israelense e a tomada de reféns.

No entanto, tais atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada contra civis.

A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente.

Isso não é apenas uma guerra entre o Hamas e Israel. Isso faz parte de um conflito maior, de 75 anos, cuja raiz é a ausência de um lar seguro para o povo palestino.

O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível.

Esta crise é provavelmente um dos desafios mais perigosos para a paz e segurança internacionais, com o maior potencial de se espalhar para um conflito global.

O Brasil considera que uma conferência diplomática onde uma solução política possa ser promovida, com a participação de um grande número de Estados, nos moldes da Conferência de Anápolis, é indispensável.

Muito obrigado.