Premiê de Portugal se demite em meio a escândalo de corrupção

O primeiro-ministro António Costa é alvo do Ministério Público de Portugal, que nesta terça-feira (7) realizou buscas na sua residência

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Primeiro-ministro de Portugal em visita ao Brasil

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, entregou seu cargo nesta terça-feira (7), após a polícia portuguesa realizar um mandado de busca e apreensão em sua residência como parte de uma investigação do  Ministério Público. A investigação analisa um suposto esquema de exploração de lítio e de venda ilegal de hidrogênio verde.

"Obviamente apresentei minha demissão", disse Costa em pronunciamento. Ele negou participar de qualquer irregularidade: "encerro com a cabeça erguida, a consciência tranquila e a mesma determinação de servir Portugal como da primeira vez que entrei no gabinete. Não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou sequer de qualquer ato censurado".

“A dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeita sobre a sua integridade, a sua boa conduta e muito menos com a suspeita da prática de qualquer ato criminoso”, afirmou Costa aos jornalistas.

O presidente de Portugal,  Marcelo Rebelo de Sousa, ainda não se manifestou sobre o pedido de demissão de António Costa. O presidente português é o chefe de Estado do país e convocou o Conselho de Estado para tratar sobre a entrega do cargo.

Entenda o caso

O Ministério Público de Portugal investiga um escândalo de corrupção e tráfico de influência em concessões de exploração de lítio no norte do país, um projeto para a criação de uma central de hidrogênio no porto de Sines e o investimento em um data center na região.

A suspeita é de que tenham sido cometidos crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de políticos e tráfico de influência. Durante a investigação, os procuradores afirmaram no comunicado que tomaram conhecimento de que os suspeitos usaram o nome e a autoridade de Costa para “desbloquear procedimentos” relacionados com os negócios. 

O chefe de gabinete de Costa foi preso durante a operação, e sedes de ministérios foram revistadas. Na manhã desta terça, 42 mandados de busca e apreensão foram executados. Além do primeiro-ministro, o ministro de Infraestrutura de Portugal, João Galamba, também está sob investigação.