O ativista afegão Matiullah Wesa foi liberto pelo Talibã nesta quinta-feira (26), após sete meses de prisão. Wesa é conhecido por lutar pelos direitos de meninas frequentarem a escola no Afeganistão
, e foi preso após viajar o país fazendo campanha para a inclusão de garotas no ensino. Segundo as autoridades talibãs, ele estaria fazendo "propaganda contra o governo”.
À Agence France-Presse, a família de Wesa disse que ele estava "a caminho de casa", sendo a informação confirmada por um porta-voz da administração talibã.
Richard Bennett, um dos principais especialista em direitos humanos no Afeganistão da Organização das Nações Unidas, saudou a libertação do ativista. Entretanto, ele destacou a situação que centenas de outros ativistas passam no Talibã.
No Twitter, Bennett diz: "Congratulo-me com a libertação de Matiullah Wesa e apelo à libertação imediata e incondicional de todos os defensores dos direitos humanos do #Afeganistão que estão arbitrariamente detidos por defenderem os seus próprios direitos e os direitos humanos dos outros”.
Wesa é o fundador da organização sem fins lucrativos Pen Path. No projeto é feito a promoção do acesso à educação. Para isso, os integrantes vistam regiões rurais, visando reativar as escolas fechadas pela violência, e abrir novas bibliotecas para os habitantes.
A luta de Wesa foi intensificada após o Talibã ter tomado Cabul em 2021, e ter imposto duras restrições às mulheres. Dentre elas está a proibição de frequentar escolas, parques e ginásios, além da expulsão dos cargos públicos.
Em março, com a prisão do ativista, a ONU e grupos internacionais de diretos humanos promoveram protestos contra a decisão das autoridades talibãs. Nas manifestações, era levantado um alerta sobre o fato dos talibãs estarem reprimindo cada vez mais o chamado "ativismo pacífico”.
No relatório feito pelo Instituto para a Paz, Mulheres e Segurança de Georgetown, divulgado na última terça-feira (24), o Afeganistão aparece em último lugar no que diz respeito a promoção inclusão, a justiça e a segurança das mulheres na sociedade. Ao todo, 177 países foram analisados.