O governo de Israel vai negar vistos de entrada para funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) após o secretário-geral da entidade, António Guterres, ter dito que os ataques terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro "não chegaram do nada".
A declaração foi dada pelo português durante sessão do Conselho de Segurança da ONU nesta terça-feira (24), ocasião em que ele disse que os atos "horrendos" do Hamas não podem justificar a "punição coletiva do povo palestino", que é "submetido a uma ocupação sufocante há 56 anos".
"Dadas as suas palavras, negaremos a emissão de vistos a representantes da ONU. De resto, já negamos o visto para o subsecretário para assuntos humanitários, Martin Griffiths. Chegou a hora de ensinar a eles uma lição", disse nesta quarta-feira (25) o embaixador israelense nas Nações Unidas, Gilad Erdan, em entrevista à Rádio Militar.
Por sua vez, o presidente do Yad Vashem, memorial do Holocausto em Jerusalém, Danny Dayan, declarou que Guterres "fracassou". "Aqueles que tentam 'entender', que buscam um contexto justificativo, não condenam os culpados e não pedem a libertação incondicional e imediata dos sequestrados falham no teste", acrescentou.
Em seu discurso no Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU também condenou os ataques do Hamas e pediu que os reféns do grupo sejam "tratados com humanidade e libertados imediatamente". Além disso, disse que as demandas do povo palestino não "podem justificar" atentados terroristas.
Os ataques do Hamas deixaram cerca de 1,4 mil mortos, enquanto as autoridades da Faixa de Gaza afirmam que a resposta israelense já matou 5,8 mil pessoas, sendo 704 apenas na última terça.
Em meio à rápida deterioração da situação, o presidente do Conselho Europeu (principal órgão político da União Europeia), Charles Michel, afirmou que é preciso garantir "o efetivo fornecimento de ajuda humanitária" a Gaza.
"Precisamos nos empenhar para evitar uma perigosa escalada regional do conflito e retomar o processo de paz baseado na solução dos dois Estados. Esse é o único caminho", disse Michel em uma carta aos líderes da UE, que se reunirão em Bruxelas em 26 e 27 de outubro.