Autoridades do Quênia descobriram, nesta segunda-feira (17), mais 12 corpos de pessoas que morreram em decorrência de jejum extremo promovido por uma seita religiosa. Agora, o total chega aos 403 mortos, segundo a prefeita regional, Rhoda Onyancha. O episódio foi chamado de “massacre de Shakahola”, nome da floresta onde o caso aconteceu.
Esta é a quarta fase da busca de corpos. O líder religioso da seita, o pastor Paul Nthenge Mackenzie, segue preso desde o dia 14 de abril, e deverá ser processado por "terrorismo". Ele foi detido após a polícia encontrar as primeiras vítimas, no dia 13 de abril. O ministro do Interior do Quênia, Kithure Kindiki, disse que as forças de segurança e a Justiça do país foram negligentes ao não terem tomado as medidas adequadas em resposta às denúncias anteriores contra Mackenzie. As autoridades acreditam que o número de mortos deve aumentar, visto que as buscas continuam.
Entenda o caso
Uma seita ligada à Igreja Internacional das Boas Novas, no Quênia, incentivava o jejum entre os membros, prática em que os indivíduos não se alimentam. Os membros da seita abandonaram suas casas e se mudaram para a floresta Shakahola, acreditando que o lugar tratava-se de um santuário de um apocalipse que estava prestes a acontecer.
Os seguidores morreram de fome ou prejudicaram gravemente sua própria saúde na crença de que iriam “encontrar Jesus”. Algumas das vítimas, incluindo crianças, foram estranguladas, agredidas ou asfixiadas, segundo as autópsias. De acordo com as autoridades, o número de mortos é alto porque, por muito tempo, as atividades da seita passaram despercebidas.
No mês passado, a Justiça do país abriu um processo contra 65 adeptos da seita por "tentativa de suicídio", que se recusaram a comer depois de serem retirados da floresta; grupos em defesa dos Direitos Humanos, porém, condenaram a ação, argumentando que a decisão pode traumatizar os sobreviventes. Além do líder Paul Nthenge Mackenzie, que está preso, outras 16 pessoas são acusadas de pertencer ao grupo de homens encarregados de vigiar para que nenhum fiel cessasse o jejum ou se retirasse da floresta. O ministro Kindiki disse que Shakahola será transformada em um espaço memorial.