O líder de uma seita no Quênia suspeito de causar a morte de ao menos 110 pessoas, o pastor Paul Mackenzie Nthenge, foi preso novamente nesta terça-feira (2) acusado de terrorismo. Ele foi detido logo após um tribunal ter encerrado o primeiro processo contra ele.
Nthenge, líder da Igreja Internacional da Boa Nova, estava preso desde 14 de abril e compareceu a um tribunal no país no início do dia para ouvir a acusação e pedir que o processo contra ele fosse encerrado. Na ocasião, o tribunal aceitou a petição e determinou a libertação, mesmo que ele tenha sido imediatamente detido junto a seis suspeitos, com vista ao novo julgamento.
As primeiras autópsias dos corpos encontrados em valas comuns confirmaram que as vítimas da seita morreram de fome, embora algumas tenham sido asfixiadas. Os cadáveres estavam em uma área arborizada de Shakahola, no condado de Kilifi, sul do Quênia.
O fundador da igreja incentivou os fiéis a realizarem um jejum total "para conhecer Jesus". A descoberta dos primeiros corpos foi resultado de escavações feitas pelas autoridades, em 21 de abril, no terreno usado pela seita.
Até o momento, 110 corpos foram recuperados do local. As autoridades, no entanto, continuam os trabalhos de busca e a expectativa é que esse número cresça.
O presidente do Quênia, William Ruto, disse que o líder da seita é um "terrível criminoso", e a Cruz Vermelha do país começou a trabalhar para localizar cerca de 210 pessoas. Entre elas, há 110 crianças desaparecidas que tinham ligação com as atividades da seita.
As autópsias realizadas em 10 das 110 vítimas encontradas também apontaram que as mortes foram causadas por fome e asfixia, segundo o chefe das operações forenses, Johansen Oduor.
De acordo com Oduor, os médicos examinaram, no primeiro dia, nove corpos de criança, que tinham entre 1 a 10 anos, além do de uma mulher. "A maior parte deles tinha características de fome. Vimos sinais de pessoas que não comiam, não havia comida no estômago, a camada de gordura era muito fina", afirmou.
Depois da audiência realizada nesta terça, Nthenge foi transferido para Mombaça, a segunda maior cidade do país, onde existe "um tribunal com poderes para tratar de casos de prevenção do terrorismo", conforme a procuradora Vivian Kambaga.
O tribunal deve deferir o pedido do Ministério público para manter o homem em prisão preventiva durante 30 dias, enquanto as autoridades investigam o possível envolvimento dele no caso.
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