Em um documentário de 83 minutos, o papa Francisco falou abertamente sobre temas considerados "tabus" pela Igreja Católica com um grupo de jovens. Chamado de "Amém: Perguntando ao Papa", do streaming Star+, o líder não foge de nenhuma pergunta.
Questionado sobre sexo, quando um dos jovens o pergunta sobre masturbação, Francisco diz que "o sexo é um dos dons mais bonitos que Deus deu à pessoa humana".
"Expressar-se sexualmente é uma riqueza. Portanto, qualquer coisa que menospreze a real expressão sexual também menospreza você, e empobrece essa riqueza em você. O sexo tem sua própria dinâmica; tem sua própria razão de ser. A expressão do amor é provavelmente o ponto central da atividade sexual", acrescenta segundo o portal católico "Vatican News".
Ao longo de sua resposta, o líder católico ainda admite que a catequese da Igreja Católica é "fraca" em relação ao tema e que, muitas vezes, os cristãos não têm uma postura madura para falar sobre isso.
Falando com um jovem que cria conteúdo pornográfico na internet, Francisco fala das possibilidades de conexão dadas pelas redes sociais, mas foca na questão da moralidade. "Quem depende da pornografia é como se dependesse de uma droga que o mantém em um nível que não o deixa crescer. A moralidade da mídia depende do uso que você faz dela", pontua.
Perguntado se sabia o que era uma pessoa não-binária e se elas têm espaço dentro da Igreja Católica, o pontífice voltou a repetir o que sempre fala quando questionado sobre isso: que é preciso dar acolhimento sem julgamentos.
"Cada pessoa é filho de Deus, cada pessoa. Deus não rejeita ninguém, Deus é Pai e eu não tenho o direito de expulsar ninguém da Igreja. Não só isso, meu dever é sempre o de acolher. A Igreja não pode fechar a porta a ninguém. A ninguém", disse ainda, conforme o site católico, criticando que usa discursos de ódio dizendo seguir a Bíblia.
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"Estas pessoas são infiltradas que se aproveitam da Igreja para suas paixões pessoais, para a sua estreiteza pessoal. É uma das corrupções da Igreja", afirmou.
Sobre os abusos sexuais, um dos jovens diz que sofreu o crime de um membro da Opus Dei e que o religioso foi condenado na justiça civil, mas que recebeu uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé em que decidiu-se "restituir o bom nome" do abusador.
Dizendo estar triste com a situação e prometendo rever esse caso, o Papa ainda afirmou que esses abusos nunca podem prescrever.
"Pelo menos na Igreja, [quero que] estes casos de abuso de menores não caiam em prescrição. E se com os anos caem em prescrição, eu levanto automaticamente tal prescrição. Não quero que isto jamais caia em prescrição", ressalta.
O fim do documentário mostra duas pessoas contrastantes entre os 10 jovens, Maria, uma jovem que se orgulha de ser católica, e Lucia, que se afastou da Igreja após sofrer abusos de poder e psicológicos em uma comunidade católica.
A ela, "Francisco não tenta convencê-la do contrário" e diz que às vezes "a verdadeira coragem consiste em abandonar o que nos prejudica", diz o portal católico. "Este lugar mau, este lugar de corrupção, este convento me desumaniza, vou voltar para onde comecei, para buscar a humanidade de minhas raízes. Isto não me escandaliza', pontua.
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