A onda de protestos no Peru chegou à capital nesta quinta-feira (19). Milhares de manifestantes se reuniram nas ruas de Lima para pedir a renúncia da presidente Dina Boluarte .
Com a convocação para a " tomada de Lima " - movimento lançado por diversos grupos que pedem a renúncia de Boluarte e a realização de novas eleições - foi a primeira vez que a capital presenciou atos tão violentos como os ocorridos em outras partes do país.
Houve um confronto entre os protestantes e as tropas de choque da polícia nas principais avenidas da capital. Os policiais dispararam gás lacrimogêneo e formaram cordões de isolamento para impedir o avanço das movimentações.
A Polícia do Peru publicou um vídeo do confronto entre policiais e manifestantes.
Se viene generando disturbios en el centro de lima, con ataques a las fuerzas del orden y destrucción del patrimonio público y privado; la @PoliciaPeru hace uso legal de la fuerza, garantizando el respeto de los derechos humanos. Asimismo, hacemos un llamado a la calma y la Paz. pic.twitter.com/opKY5vdzOe
A instituição também postou o vídeo de um incêndio em um prédio nos arredores da Praça San Martín, no centro histórico da capital.
Si estás cerca del #incendio registrado a inmediaciones de la Plaza San Martín:
⚠️Aléjate del área incendiada
⚠️Por favor, ayúdanos siguiendo las indicaciones de nuestros efectivos 👮🏽 y hermanos bomberos 👨🏾🚒👩🏾🚒
Tú #RT puede ayudar mucho. pic.twitter.com/5URWlxofqY
A imprensa local afirmou que várias pessoas ficaram feridas, incluindo manifestantes e policiais.
O primeiro-ministro, Alberto Otálora, anunciou que o governo estendeu o estado de emergência para todo o país, incluindo Lima, o que restringe alguns direitos civis.
“[Autoridades mobilizaram] 11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e da participação das Forças Armadas”, disse o chefe da polícia de Lima, general Víctor Zanabría.
Protestos no Peru já deixaram mortos e feridos
Até o momento, já foram contabilizados 54 mortos e mais de mil feridos desde o início dos atos, em 7 de dezembro. Os protestos são palco de confrontos, incêndios e até da paralisação de aeroportos.
Milhares de pessoas de diferentes partes do país se reuníram na praça San Martín, na praça Dos de Mayo e no campus da Universidad Nacional Mayor de San Marcos, onde recebem abrigo, alimentação e outros tipos de assistência.
Todos os postos de saúde do país estão em alerta vermelho, já que o Ministério da Saúde espera que os protestos na capital se repitam em outros lugares. Além disso, as aulas das universidades foram canceladas.
Entenda a onda de protestos no Peru
A intensa crise no Peru se iniciou com a prisão do ex-presidente Pedro Castillo, em 7 de dezembro, que foi deposto pelo Congresso após uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado. Ele tentou fechar o Parlamento, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.
Seguindo as normas da Constituição, sua então vice-presidente, Dina Boluarte, assumiu o cargo — e logo surgiram manifestações de protesto.
Em resposta aos protestos, Boluarte afirma que não pretende renunciar. Entretanto, ela convidou os descontentes a se manifestarem pacificamente em Lima.
Boluarte também ofereceu a possibilidade de diálogo, mas barrou a possibilidade de abordar questões como a dissolução do Congresso ou a reforma constitucional por estarem além dos poderes presidenciais.
Logo após suceder Castillo, ela planejava concluir o mandato de seu antecessor e permanecer no cargo até 2026.
Entretanto, com os protestos ela propôs antecipar as eleições — e um acordo preliminar foi votado no Congresso para que sejam realizadas em abril de 2024.
O governo prometeu uma investigação sobre todas as mortes nos protestos, e o Ministério Público abriu um processo preliminar contra a presidente e primeiro-ministro, Alberto Otárola.
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