Irã é suspenso até 2026 da Comissão sobre Situação da Mulher da ONU

Decisão é anunciada no contexto dos protestos que ocorrem no país desde a morte de Mahsa Amini, em setembro deste ano

Foto: Unsplash/Mostafa Meraji
País enfrenta manifestações por conta da morte de Mahsa Amini


O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) aprovou nesta quarta-feira (14) a expulsão do Irã da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) pelo "restante do seu mandato 2022-2026".

Foram 29 votos a favor, oito contrários (Bolívia, Cazaquistão, China, Nicarágua, Nigéria, Omã, Rússia e Zimbábue) e 16 abstenções (Bangladesh, Belize, Botswana, Costa do Marfim, Esawatini, Gabão, Ilhas Maurício, Ilhas Salomão, Índia, Indonésia, Madagascar, México, República Democrática do Congo, Tailândia, Tanzânia e Tunísia).

A decisão vem na esteira da repressão do governo de Teerã aos protestos iniciados em setembro após a morte da jovem Mahsa Amini, 22 anos, sob custódia da polícia da moral e dos bons costumes por não usar corretamente o véu islâmico. Desde então, milhares de iranianos foram às ruas para pedir justiça, por mais direitos para as mulheres e contra o governo do país.


Segundo dados da ONU, cerca de 14 mil pessoas já foram presas nos protestos e 11 delas foram condenadas à morte por fazerem "guerra contra Deus". Duas, inclusive, foram executadas nos últimos dias.

A resolução para retirar o Irã da CSW foi apresentada pelos Estados Unidos e contou com o apoio formal da Albânia, Austrália, Canadá, Guatemala, Israel, Macedônia do Norte, Nova Zelândia e Reino Unido.

Durante a sessão, a embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, destacou que o texto "ressoará em todo o mundo e responde ao apelo das vozes da sociedade civil no Irã".

"A Comissão é o principal organismo da ONU para promover a igualdade de gênero e a emancipação das mulheres e não pode desenvolver o seu trabalho se for atacada por dentro. A adesão do Irã nesse momento é uma mancha feia sobre a credibilidade desse órgão", pontuou Thomas-Greenfield.

Por sua vez, os representantes da China e da Rússia afirmaram que a resolução norte-americana cria "um precedente muito perigoso". O delegado russo ressaltou que "todos lamentamos muito a morte de Mahsa Amini, mas nós nos reunimos aqui depois da  morte de George Floyd?", disse referindo-se ao assassinato do homem negro por um policial branco nos EUA.

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