A União Europeia (UE) convocou os embaixadores russos nos estados membros "de maneira coordenada" após a decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de anexar quatro regiões ucranianas ao território russo.
"Em resposta aos últimos passos da Rússia aumentando ainda mais sua agressão contra a Ucrânia — com falsos referendos e anexação ilegal dos territórios ucranianos — a UE convocou de maneira coordenada os embaixadores russos nos estados membros da UE e nas instituições da UE", disse o porta-voz da UE para assuntos externos e política de seurança, Peter Stano, à CNN .
De acordo com ele, a medida tem o objetivo de "transmitir uma forte condenação dessas ações" e exigir a "interrupção imediata das medidas que prejudicam a integridade territorial da Ucrânia e violam a Carta da ONU e o direito internacional".
Stano afirmou que a convocação começou na sexta-feira (30) e que o embaixador russo na UE foi convocado em Bruxelas na tarde desta segunda-feira (3).
Putin realizou a cerimônia de anexação unilateral das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson na última sexta e exaltou a história da União Soviética e a "vontade popular" para justificar a medida.
"Não há mais a URSS e você não pode voltar ao passado. Mas não há nada mais forte do que o desejo das pessoas de que sua cultura e linguagem serem partes da Rússia . Eles tinham o desejo de retornar para a pátria-mãe. O amor pela Rússia é um sentimento indestrutível [...] O povo fez sua escolha, uma escolha limpa", afirmou aos presentes.
Segundo os dados oficiais divulgados por Moscou, o "sim" para a anexação foi vitorioso de maneira quase unânime em Donetsk (99,23%) e em Lugansk (98,42%), ambas na área do Donbass. Os percentuais foram elevados também em Zaporizhzhia (93,11%) e em Kherson (87,05%), mas líderes internacionais dizem que a consulta foi fraudada para dar o resultado desejado pelos russos.
Putin ainda disse que queria que seu discurso fosse ouvido "em Kiev, no Ocidente: as pessoas que vivem em Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia virarão nossos cidadãos para sempre". O mandatário ainda acusou o Ocidente de fazer uma "guerra híbrida" na Ucrânia e as "elites" desses países de serem "colonialistas".
Nenhum país internacional de grande porte ou organização internacional, como as Nações Unidas, reconhecem os referendos feitos por Moscou nas quatro áreas ucranianas e afirmam que não há nenhuma base legal para as anexações.
Assim como fez durante o anúncio da mobilização parcial, que convocou centenas de milhares de russos para a guerra , o chefe do Kremlin destacou que a "nossa terra será defendida com todos os meios à nossa disposição". A fala também foi usada por um dos principais aliados de Putin, o ex-presidente Dmitri Medvedev, para dizer que os russos podem usar armas nucleares no território vizinho.
— Com informações da Ansa
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