O Partido Conservador britânico anunciou nesta segunda-feira (5) que a chanceler Liz Truss será sua nova líder e, consequentemente, a nova premiê do Reino Unido , substituindo Boris Johnson no comando do país. A chanceler, que assume o cargo em um período econômico turbulento, apresentou, ao longo da campanha, uma série de propostas e planos para o governo.
Segundo o jornal The Guardian , um dos principais do Reino Unido, a principal prioridade econômica de Liz é cortar impostos. Ela acredita que a medida irá reiniciar a economia, que se encontra estagnada, e ajudar as pessoas com as contas de energia cada vez mais altas. A premiê prometeu reverter o recente aumento do Seguro Nacional (um imposto sobre rendimentos e lucros) e cancelar um aumento programado no imposto sobre as sociedades, a um custo combinado de cerca de 30 bilhões de libras por ano (R$ 178,35 bilhões). A equipe de Liz também sugeriu a ideia de reduzir o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em 5% ou cortar o imposto de renda para ajudar no orçamento doméstico.
Durante a campanha, Liz afirmou que seus planos para o governo seriam pagos pela margem fiscal e pelo atraso no pagamento de dívidas relacionadas à pandemia. Críticos argumentaram que ela se verá obrigada a pegar dinheiro emprestado, a taxas potencialmente caras, gerando prejuízo para a economia.
Uma saída para a economia poderia ser, por exemplo, expandir um imposto inesperado sobre as empresas de energia, que é um imposto cobrado de uma empresa ou setor quando o lucro obtido é alto. A premiê disse, no entanto, que não gosta da ideia e não pretende fazer isso.
Ainda de acordo com o The Guardian , há um ceticismo considerável sobre uma resposta baseada em cortes de impostos para a crise dos custos de energia, que beneficiaria desproporcionalmente os que ganham mais e não faria nada por aqueles que dependem de pensões ou benefícios do governo. Liz não descartou uma ajuda mais direta nas contas de energia, mas se recusou a dizer explicitamente o que poderia ser essa ajuda e falou sobre seu desgosto por "esmolas".
Veja a seguir o que Liz Truss pretende fazer nas mais diversas áreas, segundo o jornal britânico:
Saúde e assistência social
Liz permanece comprometida com os planos existentes de apoiar o NHS, sigla para National Health Service (Plano de Saúde Nacional), algo equivalente ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Há, no entanto, a questão de que ela prometeu reverter o aumento do Seguro Nacional, que tem como principal objetivo no momento aliviar o sistema de saúde, que ficou sobrecarregado com o excesso de pacientes com Covid durante a pandemia. Muitos dos problemas com ambulâncias atrasadas se devem ao fato de que os leitos hospitalares estão cheios de pessoas incapazes de acessar assistência social.
Imigração e assuntos internos
A premiê prometeu dobrar a política de deportação de requerentes de asilo e outros imigrantes para Ruanda e buscar outros países que os aceitem. Ela pretende que o Reino Unido saia, ainda que não completamente, da supervisão do tribunal europeu de direitos humanos, e seguirá em frente com os planos para a chamada declaração de direitos do Reino Unido, com menos proteções para requerentes de asilo e outras pessoas em situação de vulnerabilidade.
Política externa e Brexit
Depois do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, criou-se uma situação complicada entre a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e a Irlanda do Sul, que faz parte da União Europeia (UE). As fronteiras entre os países foram fechadas, o que impossibilitou o livre transporte de alimentos, passagem de pessoas, entre outras questões.
Em um primeiro momento, Liz deu a entender que poderia acionar o Artigo 16 do Protocolo da Irlanda do Norte, o que desencadearia uma guerra comercial entre o Reino Unido e a União Europeia. O acordo evita uma fronteira dura entre as duas Irlandas. O artigo 16, por sua vez, estabelece que qualquer uma das partes pode rescindir o acordo caso decida que o protocolo vem causando sérias dificuldades econômicas, sociais e ambientais que possam surgir.
Com tantas outras crises para enfrentar, é provável, no entanto, que a premiê decida que uma guerra comercial não é o que seu governo precisa no momento.
Clima e energia verde
Lizz ressaltou seu compromisso com a meta de zero líquido de CO2 existente no Reino Unido e sua equipe insiste que ela se concentrará em energia renovável. Alguns conservadores que se posicionam de forma mais enfática à questão do clima, no entanto, se mostraram preocupados com as prioridades da premiê.
Uma das poucas políticas diretas de Liz sobre o custo de vida seria suspender as taxas verdes nas contas de energia, que são usadas para investir em esquemas de energia renovável. Ela também se opõe à energia eólica e descreveu a visão de fazendas solares em terras agrícolas como "uma das vistas mais deprimentes" da Grã-Bretanha moderna. Para além disso, a premiê apoia perfurações no solo para extração de gás de xisto, supostamente quer ver um impulso para novas perfurações no Mar do Norte e apoiou uma grande expansão da energia nuclear. Ela não falou, tampouco, sobre os esforços para reduzir o consumo de energia.
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