A tentativa de assassinato sofrida pela vice-presidente da Argentina , Cristina Kirchner, na noite desta quinta-feira, teve repercussão instantânea nos principais jornais do mundo. Cristina teve uma arma apontada para sua cabeça quando cumprimentava apoiadores em frente à sua casa, em Buenos Aires. O suspeito do crime foi preso. Trata-se do brasileiro Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, residente na Argentina desde os anos 1990.
Na Espanha, El País publicou que a "Argentina viveu nesta quinta-feira um dos episódios mais desastrosos de sua recente democracia". E lembrou que a tentativa de assassinato ocorreu em meio à crescente tensão política no país.
A rede de televisão britânica BBC destaca que o agressor pôs a arma a centímetros da cabeça da vice-presidente e parecia tentar um tiro. Cristina está sendo processada sob a acusação de corrupção e acabava de voltar do tribunal. Ela nega as acusações.
O New York Times noticiou que a política peronista "talvez seja a líder mais proeminente da Argentina", mas "uma figura profundamente polarizadora no país". E também lembrou que ela sofreu a agressão quando está sendo julgada por acusações de ter se corrompido quando era presidente, de 2007 a 2015.
O britânico The Guardian classificou o episódio como um "acontecimento dramático". A publicação inglesa destacou que os relatos de que um brasileiro está envolvido no caso provocaram "ondas de choque" no Brasil, "onde crescem os temores de que a retórica extremista de seu presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, possa inspirar algum tipo de incidente violento".
O jornal The Washington Post também publicou reportagem sobre a tentativa de assassinato. A publicação ressalta que Cristina saiu ilesa e está protegida pela polícia federal.
Suspeito brasileiro
Fernando André Sabag Montiel foi preso no local do atentado. De acordo com autoridades argentinas, Montiel nasceu no Brasil e mora no país vizinho, onde tem residência, mas tem família em São Paulo. Ele trabalha como motorista de aplicativo e tem antecedente criminal por porte de arma.
O documento de residência de Montiel na Argentina é dos anos 1990. O pai dele, Fernando Ernesto Montiel Araya, foi alvo de um inquérito da Polícia Federal para expulsão do Brasil. Conforme documento ao qual o O GLOBO teve acesso, o procedimento foi instaurado porque Araya tinha uma sentença penal condenatória no país.
Segundo o jornal La Nación, em 17 de março do ano passado Montiel foi detido por porte de armas não convencionais. Na ocasião, ele foi flagrado com uma faca e alegou que a usava para defesa pessoal.
Montiel foi abordado por estar estacionado com um veículo sem a placa traseira. Ele alegou que a placa caiu "devido a um acidente de trânsito ocorrido dias atrás". Quando ele abriu a porta para pegar a documentação do carro, uma faca de 35 centímetros de comprimento caiu no chão.
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