Iraque: protestos por renúncia de líder religioso deixam 12 mortos

Moqtada Sadr anunciou o desligamento da vida política nesta segunda-feira

Moqtada Sadr anunciou a renúncia nesta segunda-feira (29)
Foto: Reprodução/Twitter
Moqtada Sadr anunciou a renúncia nesta segunda-feira (29)

Os protestos por conta da renúncia do líder xiita Moqtada Sadr já deixaram 12 mortos em Bagdá, capital do Iraque , nesta segunda-feira (29), informa a mídia local. O Exército declarou toque de recolher em todo o país.

O líder religioso anunciou que está deixando a vida política no Iraque e fechando os seus escritórios partidários. Os sadristas são a principal força no Parlamento, com 73 dos 329 deputados eleitos.

Após o anúncio, dezenas de seus apoiadores invadiram o Palácio Republicano, em Bagdá, e manifestações violentas tomaram as ruas da capital.

"Decidi não mais interferir em temas políticos. Portanto, anuncio agora minha aposentadoria definitiva", escreveu em sua conta no Twitter após 20 anos de participação ativa na política iraquiana.

A manifestação vem apenas dois dias depois de Sadr ter proposto a todos os líderes "político-confessionais" que se retirassem de funções políticas importantes para promover uma "reforma nacional" que permitisse a formação de um novo governo. Além disso, havia dado um "ultimato" para que a justiça dissolvesse o atual governo "em até 72 horas".

A crise no Iraque se arrasta há quase 11 meses quando, após as eleições de outubro do ano passado, os líderes não conseguiram indicar nem o nome do novo presidente e muito menos quem seria o premiê.

O cargo de chefe do Executivo segue sendo ocupado por Moustafa Al-Kadhimi, na função desde maio de 2020. O líder interino, inclusive, fez um apelo para que Sadr peça para seus apoiadores saírem do prédio federal invadido nesta segunda-feira e para que deixem as ruas da capital Bagdá para diminuir a tensão no país.

Al-Kadhimi ainda anunciou um toque de recolher, que será gerido pelo exército, a partir das 15h30 (hora local) e por um período indefinido de tempo para a capital. Conforme a emissora "Al-Iraqiya", os militares já estão nas ruas e as fontes de segurança pediram para que os civis voltem para suas casas.

Além do Palácio Republicano, os seguidores de Sadr estão há semanas acampando na área em frente aos prédios públicos - e já haviam invadido o Parlamento no último mês. No entanto, a situação ainda é de crise intensa, com confrontos entre manifestantes e forças armadas nas ruas.

Os números dos conflitos ainda não são oficiais, mas as emissoras "Al-Jazeera" e "Al-Arabiya" informam que há "dezenas de feridos" e ao menos dois mortos nas ruas de Bagdá.

Citando fontes de Inteligência, as duas televisões ainda afirmam que há "milicianos pró-Irã infiltrados" entre os manifestantes, que estariam usando fuzis automáticos no meio dos protestos. Esses grupos são opositores históricos dos que apoiam Sadr na política.

Não é possível verificar as informações de maneira independente.

A pior situação é na chamada Zona Verde, uma área mais fortificada onde ficam sedes diplomáticas, prédios do governo e residências de oficiais. Ainda conforme a mídia local, helicópteros norte-americanos estão fazendo sobrevoos para monitorar a situação.

A Missão de Assistência das Nações Unidas no Iraque (Unami) emitiu uma nota em que pede que os manifestantes deixem a Zona Verde e os prédios públicos "imediatamente" e alertou que o que está em jogo "é a própria sobrevivência do próprio Estado iraquiano".

"Os desenvolvimentos atuais representam uma escalada muito perigosa. As instituições estatais devem trabalhar livres de obstáculos", afirma ainda a nota.

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