Advogado errou ao dizer que Trump entregou todo material secreto

Busca do FBI contraria declaração assinada em junho, indicando que ex-presidente pode não ter sido totalmente transparente com sistema judicial

Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, é investigado por espionagem
Foto: Reprodução/YouTube Discovery Plus 13.08.2022
Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, é investigado por espionagem

Pelo menos um advogado do ex-presidente americano Donald Trump assinou uma declaração por escrito em junho afirmando que todo o material marcado como classificado e mantido em caixas em uma área de armazenamento na residência e no resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, havia sido devolvido ao governo, disseram quatro pessoas com conhecimento do documento.

A declaração por escrito foi feita após uma visita em 3 de junho a Mar-a-Lago por Jay Bratt, o principal funcionário de contrainteligência da divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça.


 A existência da declaração assinada, que não foi relatada anteriormente, é uma possível indicação de que Trump ou sua equipe não foram inteiramente transparentes com os investigadores federais sobre o material.

lsso pode ajudar a explicar por que uma possível violação de uma lei criminal relacionada a obstrução de Justiça foi citada pelo departamento como fundamento para o mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente na segunda-feira, uma medida extraordinária que gerou espanto.

A declaração também ajuda a explicar melhor a sequência de eventos que levaram o Departamento de Justiça a decidir realizar a busca, após meses de tentativas de resolver o assunto por meio de discussões com Trump e sua equipe.

Um inventário do material retirado da casa de Trump que foi divulgado na sexta-feira mostrou que agentes do FBI apreenderam 11 conjuntos de documentos durante a busca com algum tipo de marcação confidencial ou secreta, incluindo alguns marcados “informações compartimentadas altamente secretas/sensíveis”.

As informações categorizadas dessa forma devem ser visualizadas apenas em uma instalação segura do governo.

A busca abrangeu não apenas a área de armazenamento onde as caixas de material de conhecimento do Departamento de Justiça estavam sendo mantidas, mas também o escritório e a residência de Trump. O mandado de busca e o inventário divulgado na sexta-feira não especificam onde no complexo de Mar-a-Lago foram encontrados os documentos marcados como confidenciais.

Trump disse na sexta-feira que desclassificou todo o material em sua posse enquanto ainda estava no cargo. Ele não forneceu nenhuma documentação de que de fato fizera isso.

Um porta-voz do ex-presidente, Taylor Budowich, disse no sábado: "Assim como todas as caças às bruxas fabricadas pelos democratas anteriormente, o trabalho sujo dessa incursão sem precedentes e desnecessária está ficando a cargo de uma mídia disposta a publicar vazamentos sugestivos, fontes anônimas e nenhum fato concreto".

A Lei de Espionagem, outra norma citada no mandado, é um estatuto que proíbe a tomada ou a destruição ilegal de registros ou documentos governamentais, assim como o é a lei de obstrução. Ninguém foi acusado no caso, e o mandado de busca por si só não significa que alguém ainda o será.

No ano passado, funcionários do Arquivo Nacional descobriram que Trump havia levado uma série de documentos e outros materiais do governo com ele quando deixou a Casa Branca no final de seu tumultuado mandato em janeiro de 2021. Esse material deveria ter sido enviado aos arquivos.

Trump devolveu 15 caixas de material em janeiro deste ano. Quando os arquivistas examinaram o material, encontraram muitas páginas de documentos com marcas classificadas e encaminharam o assunto ao Departamento de Justiça, que iniciou uma investigação.

No segundo trimestre, o Departamento de Justiça emitiu uma intimação a Trump pedindo mais documentos que acreditava estarem em sua posse. Ele foi repetidamente instado por assessores a devolver o que restava, apesar do que eles descreveram como seu desejo de continuar guardando alguns documentos.

Em um esforço para resolver a disputa, Bratt e outras autoridades visitaram Mar-a-Lago no início de junho, encontrando-se brevemente com Trump. Dois dos advogados de Trump, M. Evan Corcoran e Christina Bobb, conversaram com Bratt e com outros in

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