O ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, de 67 anos, não resistiu aos ferimentos à bala, após ser vítima de um atentado, na cidade de Nara, no oeste do Japão. A informação foi confirmada pela TV estatal japonesa NHK.
Um suspeito, identificado pela polícia como Tetsuya Yamagami, morador de Nara, de 41 anos, foi detido. Ele é um ex-integrante da Marinha do Japão, onde serviu por três anos, até 2005. A suposta arma do crime - uma espingarda caseira - foi recuperada. De acordo com a NHK, o suspeito disse à polícia que estava insatisfeito com o ex-primeiro-ministro e pretendia matá-lo.
Abe fazia um discurso de campanha para a eleição de um candidato do Partido Liberal Democrático. Ele chegou a ser levado de helicóptero para o Hospital Universitário de Nara, em "estado de parada cardiorrespiratória". Ainda no local do atentado, bombeiros da equipe de resgate disseram que Abe não apresentava sinais vitais.
"É um ato desprezível e totalmente inaceitável, que ocorreu durante um período eleitoral, que é a base da democracia. Condeno o ato nos termos mais fortes possíveis", declarou o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida.
Abe foi primeiro-ministro durante oito anos, até renunciar em 2020. Uma testemunha do ataque contou à emissora NHK que houve dois tiros: o primeiro, por trás de Abe, teria feito apenas fumaça, mas o segundo atingiu o ex-premiê no peito.
Vídeos feitos por pessoas que assistiam ao discurso mostram cenas do local nas redes sociais.
Vídeo mostra o momento em que o suposto atirador é identificado e detido por seguranças.
Escândalos e tráfico de influência
Shinzo Abe, neto de um primeiro-ministro acusado de crimes de guerra e filho de um ex-ministro das Relações Exteriores, começou sua primeira passagem de um ano como primeiro-ministro em 2006. Ao renunciar em 2007 após escândalos, ele citou efeitos debilitantes da colite ulcerosa, uma doença intestinal.
Durante seu segundo mandato, que começou no final de 2012, Abe sobreviveu a alguns escândalos de tráfico de influência e enfrentou inúmeras eleições. Em 2015, ele aprovou uma controversa lei de segurança que permitia que as tropas japonesas se engajassem em missões de combate no exterior ao lado das forças aliadas, como parte de ações de "autodefesa coletiva".
Seu poder político atingiu o auge em 2017, quando seu partido, o PLD, obteve uma vitória esmagadora que lhe deu, junto com seus parceiros de coalizão, dois terços dos assentos no Parlamento. Esta era a maioria absoluta necessária para levar a cabo uma revisão constitucional, mas Abe nunca concretizou esse sonho, com a oposição pública a tal mudança permanecendo alta.
Abenomics
A atuação de Shinzo Abe durante a pandemia do novo coronavírus deixou a população japonesa insatisfeita, particularmente com seus efeitos sobre a economia, que apagaram as conquistas que ele poderia reivindicar de sua plataforma econômica, conhecida como "Abenomics".
Segundo esse programa, Abe administrou um plano de três frentes: flexibilização monetária, estímulo fiscal e reforma corporativa. Muitas de suas promessas de reforma corporativa — incluindo esforços para empoderar as mulheres, reduzir a influência do nepotismo e mudar a cultura de trabalho arraigada — permaneceram não cumpridas.
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