ONU: Consumo de drogas aumentou 26% no mundo

O dados fazem parte do Relatório Mundial sobre Drogas e apresenta informações coletadas no período entre 2010 e 2021

Cachimbo, pílulas e drogas espalhadas pela mesa
Foto: Banco de Imagens: 27.06.2022
Cachimbo, pílulas e drogas espalhadas pela mesa

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou nesta segunda-feira (27), uma atualização do  Relatório Mundial sobre Drogas . O documento fornece uma levantamento realizado globalmente sobre a  oferta e a demanda  de diversos tipos de substâncias, bem como seu impacto sobre a saúde dos usuários. Entre elas estão  opiáceos, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e novas substâncias psicoativas (NPS).

Os jovens de hoje consomem mais drogas do que os de gerações anteriores. Os dados mostram que cerca de 284 milhões de pessoas - na faixa etária entre 15 e 64 anos - usaram drogas em 2020 , um aumento de 26% em relação ao ano de 2010 . Estima-se que desse total, 11,2 milhões são usuários de drogas injetáveis , sendo que aproximadamente metade delas vivem com hepatite C e 1,4 milhões com HIV. 

O relatório revela que o tipo de substância consumida varia de acordo a região do planeta. No leste e sudeste Europeu e na Ásia Central , os opioides  (medicamentos com efeitos analgésicos e sedativos potentes) são responsáveis pelo maior número de pessoas  em tratamento. Nos Estados Unidos e no Canadá por exemplo, as mortes por overdose são predominantemente causadas pelo  uso não medicinal  de um novo tipo opioide, o  fentanil (utilizado como medicação para a dor). Os dados mostram ainda, que a produção mundial de ópio (extraído da papoula e também utilizada na produção da heroína e da morfina) cresceu 7% entre 2020 e 2021 , alcançando a marca de 7.930 toneladas , impulsionado pelo aumento da produção no Afeganistão. Estimativas preliminares nos Estados Unidos  indicam que mais de 107 mil  pessoas morreram por overdose de drogas em 2021 , contra quase 92 mil em 2020 .

De acordo com o relatório realizado pelo Escritório sobre Drogas e Crimes da ONU (UNODC), a legalização da cannabis em algumas partes do mundo pode ser a razão pelo aumento do uso e também de impactos relacionados à saúde. Na África e na América Latina , as pessoas com menos de 35 anos representam a maioria das pessoas em tratamento devido a transtornos associados ao uso de drogas . Em muitos países africanos e latinos, a maior parte das pessoas que estão em tratamento por uso de drogas é devido a transtornos associados ao uso de cannabis .

Cocaína

O documento alerta para um aumento nunca visto antes na fabricação de cocaína , uma expansão na produção de drogas sintéticas e lacunas contínuas na disponibilização de tratamentos para usuários de drogas, especialmente para as mulheres. A diretora executiva do UNODC , Ghada Waly , acredita que a COVID-19, não impediu a fabricação de drogas e ampliou as vulnerabilidades. “As percepções errôneas sobre a magnitude do problema e os danos associados estão privando as pessoas de cuidados e tratamento e levando os jovens a comportamentos prejudiciais", disse Waly.

Tráfico

As apreensões do tráfico de cocaína mostran que a droga está se expandindo para outras regiões fora da América do Norte e Europa, com o aumento dos níveis de tráfico para a África e Ásia. A produção de cocaína  atingiu mais um recorde e apresentou aumento de 11% em relação a 2019, chegando a 1.982 toneladas em 2020 . As apreensões de cocaína também aumentaram para um recorde de 1.424 toneladas neste mesmo ano. Quase 90% da cocaína apreendida globalmente em 2021 foi traficada em contêineres e/ou por via marítima. O tráfico de metanfetaminas  também cresce ao redor do globo.  117 países relataram apreensões de metanfetaminas entre 2016-2020  enquanto que  2006-2010 haviam registros em 84 países . As quantidades de metanfetaminas apreendidas entre 2010 e 2020 aumentaram em cinco vezes . Houve um aumento significativo no número de laboratórios de anfetaminas na Ucrânia . Um total de 79 foram desativados em 2020 , em comparação com 17 no ano anterior, sendo que 67 desses laboratórios estavam produzindo anfetaminas , em comparação com cinco em 2019 . Este é o maior número de laboratórios desativados relatado em um determinado país em 2020 .

Cannabis

O relatório sugere que a legalização da cannabis na América do Norte pode ter provocado aumento no uso diário da substância , sobretudo de produtos mais potentes  entre os jovens adultos. Foram relatados também aumento no número de distúrbios psiquiátricos, suicídios e hospitalizações . A legalização também aumentou a receita tributária dos estados e reduziu as taxas de prisão pela posse da substância . Em muitos países da África e da América do Sul e Central, a maior parte das pessoas que estão em tratamento por uso de drogas é devido a transtornos associados ao uso de cannabis .

Mulheres

As mulheres são minoria entre os usuários de drogas em todo o mundo, porém tendem a aumentar o consumo e a desenvolver transtornos associados ao uso de drogas mais rapidamente. As mulheres representam cerca de 45-49% dos usuários de anfetaminas e dos usuários não medicinais de estimulantes farmacêuticos, opioides farmacêuticos, sedativos e tranquilizantes.

Impactos ambientais

De acordo com o documento o meio ambiente pode sofrer impactos com os mercados de drogas ilícitas. São impactos locais, comunitários ou individuais. Entre as descobertas, está a emissão de carbono do cultivo interno de cannabis  de em média 16 a 100 vezes maior que a do cultivo de cannabis externa. A emissão de carbono de  um quilo de cocaína é 30 vezes maior que a das amêndoas de cacau . O desmatamento associado ao cultivo ilegal da coca também são um alerta, além dos resíduos gerados durante a fabricação de drogas sintéticas que podem ser 5-30 vezes do volume do produto final.   Outro problema é despejo de resíduos contaminantes no solo, água e ar.

Com informações do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime*

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