O Boeing 747 , da empresa estatal venezuelana Emtrasur , está preso no Aeroporto Internacional de Ezeiza (EZE) em Buenos Aires desde o dia 6 de junho. O cargo contava com tripulação de 19 profissionais, 14 deles venezuelanos e cinco iranianos, o que é atividade proibida pelas regras de aviação internacional. E é justamente essa ligação entre o Irã e a Venezuela que mantém o avião e tripulação sem a possibilidade de sair do país.
Uma reportagem do jornal argentino Clarín deste domingo, revela um relatório enviado pelo FBI à justiça argentina onde informa que capitão da tripulação Gholamreza Ghasemi está 'associado ao Corpo da Guarda Revolucionária da República Islâmica do Irã (Forças Curdas) e ao Hezbollah do Líbano '.
O relatório diz que Ghasemi está listado como membro das Forças Curdas e opera em campos de treinamento do Hezbollah no Vale do Bekaa, no Líbano. Ele teria treinado mais de 3.000 combatentes da milícia libanesa nas instalações de treinamento do IRGC no Irã . No relatório, o FBI afirma que os grupos tiveram "participação direta" em diferentes atividades terroristas, tornando complicada sua situação judicial na Argentina.
A reportagem diz que o governo argentino recebeu alerta do Paraguai e, EUA e Israel manifestaram preocupação com a presença do avião na Argentina. A aeronave teria desligado o transponder (uma espécie de GPS do aeronaves) no espaço aéreo argentino.
O Clarín afirma que no relatório do FBI " Ghasemi consta como CEO e membro do conselho de administração da Qeshm Fars Air , alertando para sanções financeiras e econômicas contra empresas ou pessoas que colaboram com as empresas acusadas de fornecer apoio logístico a o terrorismo dos EUA". A Qeshm Fars Air sofre sanção do Tesouro dos EUA desde dezembro de 2019 devido ao seu envolvimento direto em atividades terroristas e à assistência que presta a 'Forças Curdas' . Tanto essa empresa quanto a companhia aérea iraniana Mahan Air , que vendeu Boeing à Venezuela estão sob sanções dos Estados Unidos.
Terrorismo na Argentina
Em 1994 um ataque terrrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) causou a morte de 85 pessoas. O ataque seria de autoria de um grupo paramilitar ligado ao Hezbollah, chamado de Ansar Allah. Por isso a justiça argentina mantém o passaporte dos tripulantes até que a investigação seja concluida. Caso se confirme relação com os crimes, Ghasemy pode ser acusado por exemplo por tentativa de espionagem.
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