Após cortes de gás russo, Alemanha vai aumentar uso de usinas a carvão

Em um comunicado, Robert Habeck, ministro da Economia, pede que cidadãos economizem energia

Em um comunicado, Robert Habeck, ministro da Economia, pede que cidadãos economizem energia
Foto: Reprodução/Flickr
Em um comunicado, Robert Habeck, ministro da Economia, pede que cidadãos economizem energia

Alemanha tomará medidas de emergência para garantir seu fornecimento de energia diante dos recentes cortes nas entregas de gás russo , o que implicará recorrer mais ao carvão — anunciou o governo neste domingo. "Para reduzir o consumo de gás, temos que usar menos gás para produzir eletricidade. Em seu lugar, deve-se usar mais as usinas a carvão", declarou o Ministério da Economia em um comunicado.

O governo reage, assim, aos anúncios desta semana do gigante russo Gazprom sobre a redução das entregas de gás, através do gasoduto Nord Stream, no contexto da guerra na Ucrânia e da queda de braço no setor de energia entre os países ocidentais e Moscou.

Essa medida é uma guinada de 180 graus para o governo de coalizão alemão, que inclui ambientalistas e que prometeu abandonar o uso do carvão no país até 2030.

"É amargo, mas é indispensável reduzir o consumo de gás", disse o ministro da Economia, o ambientalista Robert Habeck, em um comunicado.

Uma lei nesse sentido será adotada no início do verão (europeu, equivalente ao inverno no Brasil), acrescentou. Neste marco, o governo vai permitir o uso das chamadas centrais de carvão "de reserva". Até agora, elas serviam apenas como último recurso. O ministro assegurou, no entanto, que esta medida é "provisória", em meio ao "agravamento" da situação no mercado do gás.

Esta semana, a  Gazprom cortou em 40% suas entregas via Nord Stream, e depois em 33%, alegando um problema técnico. Para o governo alemão, trata-se, no entanto, de uma "decisão política", no contexto do apoio dos países ocidentais à Ucrânia na guerra contra a Rússia.

"Não precisamos ter ilusões, estamos enfrentando um teste de força com (o presidente russo, Vladimir) Putin", comentou.

O pacote de medidas anunciado neste domingo prevê, ainda, um sistema de "leilões" para a venda de gás para as indústrias, o que permitiria, segundo Berlim, reduzir o consumo do poderoso setor manufatureiro alemão.

O Estado oferecerá, em um dispositivo semelhante a uma licitação, uma remuneração às empresas que prometerem a economia energética mais significativa. Este mecanismo contou como o apoio do setor industrial.

"Isso permite orientar a redução ali onde os danos são menos impactantes", afirmou a Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas em um comunicado divulgado neste domingo.

Diante da urgência da situação, o governo alemão também quer enfatizar a economia de energia. Em meados de junho, foi lançada uma ampla campanha dirigida ao público em geral e às empresas.

"É preciso fazer tudo que for possível para reduzir nosso consumo. E a indústria é um fator essencial. A segurança do abastecimento está garantida", mas "a situação é grave", resumiu Habeck.

Esta semana, o ministro considerou a ideia de que um racionamento poderá ser imposto, para consumidores e empresas, e mencionou a possibilidade de "outras medidas de economia de tipo legislativo", caso as quantidades armazenadas não aumentem.

No momento, as reservas de gás estão em 56%, um nível "superior à média dos últimos anos".

Mas "temos que fazer todo o possível para armazenar o máximo de gás no verão e no outono. As reservas de gás têm que estar cheias para o inverno, é a prioridade absoluta", insistiu Habeck.

— Com informações de agências internacionais

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