A ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, assinou nesta sexta-feira uma ordem de extradição para Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, após um veredicto em abril autorizando seu envio para os Estados Unidos. A decisão recente ainda não põe um fim na batalha judicial de mais de uma década, contudo, já que a defesa tem 14 dias para recorrer.
A ordem, contudo, é um revés para o australiano, que fica mais perto de ser enviado para os EUA, onde corre o risco de ser condenado a até 175 anos de prisão em um imbróglio que põe em questão a liberdade de imprensa. Ele enfrenta 18 acusações que envolvem conspiração para obter e divulgar, entre 2010 e 2011, mais de 250 mil telegramas diplomáticos e cerca de 500 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares americanas no Iraque e no Afeganistão durante a chamada "guerra ao terror".
Um porta-voz do governo do primeiro-ministro Boris Johnson disse que “no dia 17 de junho, após a consideração da Corte dos Magistrados e da Corte Alta, a extradição do senhor Julian Assange para os Estados Unidos foi ordenada”. O comunicado reitera que o fundador do WikiLeaks tem “os 14 dias normais para recorrer”.
O WikiLeaks tornou-se conhecido globalmente após divulgar, em 2010, um vídeo do ataque realizado por helicópteros Apache americanos três anos antes em Bagdá, que deixou mais de 10 mortos. Os números exatos variam entre 12 e 18 vítimas, mas entre eles havia dois funcionários da agência de notícia Reuters.
Logo depois, a plataforma divulgou centenas de milhares de documentos secretos obtidos pela ex-analista militar Chelsea Manning, com quem Assange é acusado de conspirar. O australiano foi preso pela primeira vez cinco meses depois, em dezembro de 2010, devido a acusações de estupro e abuso sexual na Suécia, posteriormente arquivadas por falta de provas. Na ocasião, ele já dizia temer uma extradição para os EUA.
Em junho de 2012, depois que a Justiça britânica negou o último recurso para evitar a extradição para Estocolmo, o fundador do WikiLeaks pediu asilo na Embaixada do Equador em Londres, violando sua liberdade condicional.
Assange ficou na missão diplomática até abril de 2019, quando o então presidente equatoriano, Lenín Moreno, revogou o asilo e suspendeu a cidadania concedida por seu antecessor, Rafael Correa. O australiano foi preso ao sair do prédio e condenado a 50 semanas de detenção pela violação da condicional.
Após interrupção enquanto Assange esteve na embaixada, a Justiça sueca retomou as investigações sobre as acusações de estupro, mas não encontrou quaisquer provas. Frente ao arquivamento do caso, levantou-se uma série de questionamentos sobre a legalidade de mantê-lo na prisão Belmarsh, onde permanece até hoje.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.