Área chamada de 'Chernobyl chilena' registra mais de 100 intoxicados

Cidades de Quintero e Puchuncaví enfrentam crise ambiental causada por indústrias

Cidades chilenas de Quintero e Puchuncaví, uma região conhecida como 'Chernobyl chilena'
Foto: Reprodução/Instituto Nacional de Derechos Humanos (INDH) 9.6.2022
Cidades chilenas de Quintero e Puchuncaví, uma região conhecida como 'Chernobyl chilena'

Ao menos 105 pessoas foram contaminadas desde a última segunda-feira pela poluição industrial proveniente das cidades de Quintero e Puchuncaví, uma área conhecida como “Chernobyl chileno”, que há décadas é afetada por uma crise ambiental causada pela indústria de materiais pesados.

Em um comunicado, a Superintendência do Ambiente do país (SMA) confirmou que “um novo episódio que afeta a saúde da comunidade desta zona, com registo de 105 pessoas atendidas no Hospital Quintero e nos centros de Atenção Primária à Saúde (APS) de Quintero e de Puchuncaví”.

Quintero e Puchuncaví, duas cidades costeiras com cerca de 50 mil habitantes, foram consideradas “zonas de sacrifício ambiental” desde que o governo chileno decidiu, em 1958, liberar a pesca artesanal e a agricultura no local para transformar a área em um polo industrial, que hoje abriga quatro usinas termelétricas a carvão e petróleo, além de refinarias de petróleo e de cobre.

A Promotoria de Quintero abriu uma investigação após a descoberta dos casos.
“Foi expedido um despacho para investigar a Bidema (Brigada de Investigação de Crimes Contra a Saúde Pública e o Meio Ambiente), dando um prazo de 30 dias para denunciar”, disse Luis Ventura, procurador-chefe de Quintero.

Na segunda-feira, mais de 75 pessoas, ao menos delas 50 crianças em idade escolar, foram contaminadas por uma alta concentração de dióxido de enxofre (SO2), composto que foi registrado na Estação de Qualidade do Ar de Quintero em uma quantidade cinco vezes maior do que o normal.

As autoridades locais declararam a área em situação de emergência ambiental, suspenderam as aulas e proibiram atividades físicas e fontes de aquecimento. De acordo com os relatórios médicos, os pacientes apresentavam dor de cabeça, coceira nos olhos, garganta e náuseas.

A organização ambientalista Greenpeace descreve a área como a “Chernobyl chilena” desde 2018, devido a um grave episódio de contaminação, em que cerca de 600 pessoas de Quinteros e Puchuncaví buscaram centros médicos com sintomas clínicos atípicos, como vômitos de sangue, dores de cabeça, dor de cabeça, tontura, paralisia dos membros, bem como vergões estranhos na pele das crianças.

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