Eleições britânicas: conservadores perdem espaço para centro-esquerda
Trabalhistas, liberais democratas e verdes avançam principalmente na Inglaterra em primeiro teste de Boris após Partygate
O Partido Conservador, de Boris Johnson, perdeu espaço para várias forças progressistas — do Partido Trabalhista, dos liberais democratas e dos verdes — em eleições regionais e locais britânicas realizadas nesta quinta-feira, incluindo vários assentos na Inglaterra e três importantes redutos em Londres .
Apesar disso, o partido do primeiro-ministro parece ter evitado um grande desastre em seu primeiro teste após o escândalo Partygate, que envolve a realização de festas e encontros durante períodos de quarentena contra a Covid-19. Boris ainda enfrenta questionamentos no partido em função do escândalo, e os retrocessos eleitorais podem desencadear uma nova tentativa de membros de seu partido para substituí-lo do cargo de chefe do governo.
Com mais da metade dos conselhos relatando resultados, os conservadores perderam cerca de um a cada seis de seus assentos. As pesquisas antecipavam que as perdas poderiam chegar a um terço dos representantes. As eleições regionais britânicas geralmente oferecem uma oportunidade para os eleitores manifestarem insatisfação com o governo.
Em uma mensagem após o resultado, Boris o classificou como “misto”. Segundo ele, embora em algumas partes do país a votação tenha sido “dura”, em outras áreas houve "ganhos bastante notáveis em lugares que não votavam nos conservadores há muito tempo, ou mesmo nunca".
"A grande lição disso é que esta é uma mensagem dos eleitores de que, acima de tudo, querem que nos concentremos nas grandes questões que importam para eles" disse Boris, antes de citar “o choque pós-Covid”, o fornecimento de energia e o pico inflacionária como prioridades.
Os conservadores perderam o controle do Conselho de Wandsworth, uma autoridade local icônica que era administrada pelo partido desde 1978, assim como o de Westminster, onde as Casas do Parlamento estão sediadas, e algo que nunca acontecera desde a criação do conselho em 1964. Eles também cederam o poder ao principal partido da oposição, o Partido Trabalhista, em Barnet e na cidade de Southampton, no Sul.
As maiores derrotas conservadoras foram na Inglaterra, onde, até agora, o partido perdeu um a cada quatro assentos que tentavam manter. O maior avanço proporcional, no entanto, não foi do tradicional Partido Trabalhista: em vez disso, foram os liberais democratas e os verdes que registraram um avanço notável, embora a partir de bases anteriores relativamente baixas.
Até agora, com a contagem de votos chegando a 93 dos 156 conselhos ingleses, os conservadores perderam 156 conselheiros, passando para 638 ao todo. Os trabalhistas ganharam 38, e foram para 1.328. Os liberais democratas obtiveram 72 cadeiras a mais, indo para 312 conselheiros, e os verdes ganharam 26, pulando para 51.
A votação está em andamento na Irlanda do Norte, para decidir como 90 assentos serão preenchidos em 18 conselhos.
Pesquisas antes da eleição sugeriam que o republicano Sinn Féin, que defende a reunificação das Irlandas, pela primeira vez poderia substituir o Partido Unionista Democrático (PUD) como o maior partido no Parlamento.
No entanto, qualquer esperança de que um governo de compartilhamento de poder seja formado logo após os resultados parecerem muito escassos. O PUD disse que ficará fora do Executivo exceto se a atual fronteira comercial da Irlanda do Norte com o Reino Unido, criada em função do Brexit, deixar de existir. Se não houver acordo, a Irlanda do Norte ficará sem Executivo, como aconteceu entre 2018 e 2020.
Os resultados completos devem ser divulgados até sábado.
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