Área separatista pró-Rússia na Moldávia relata tiros vindos da Ucrânia

Transnístria vem se tornando novo foco de tensão na guerra entre Moscou e Kiev

Conheça a Transnístria, área separatista da Moldávia que a Rússia busca acessar pela Ucrânia, segundo comandante russo
Foto: Reprodução/Segredos do mundo 26.4.2022
Conheça a Transnístria, área separatista da Moldávia que a Rússia busca acessar pela Ucrânia, segundo comandante russo

A Transnístria, a região separatista pró-Rússia na Moldávia que vem emergindo como novo foco de tensão na guerra entre Moscou e Kiev, disse nesta quarta-feira que tiros foram disparados da Ucrânia em direção a uma vila que abriga um depósito de munição.

O relato do ataque feito pelas autoridades da Transnístria, que faz fronteira com a Ucrânia, é o mais recente nos últimos três dias a elevar as tensões de que a guerra possa se expandir. Apesar das autoridades da região separatista acusarem a Ucrânia, Kiev, por sua vez, vem apontando tentativas russas de forjar falsos ataques contra alvos pró-Rússia na região, no que seria uma tentativa de obter um pretexto para abrir uma nova frente de ataque no Sul ucraniano.

O Ministério do Interior da região, que não tem reconhecimento internacional — nem da Rússia —, disse em comunicado nesta quarta que vários drones foram detectados sobrevoando a vila de Cobasna durante a noite e que eles vieram da Ucrânia. A pasta afirmou que, depois, tiros foram disparados em direção à vila fronteiriça na manhã desta quarta, mas sem dar mais detalhes, apenas afirmando que ninguém ficou ferido.

A Rússia tem um contingente de 1.400 soldados na Transnístria guardando muitas toneladas de munição armazenadas na região desde antes da dissolução da União Soviética. Moscou também tem 1.500 soldados de forças de paz lá, deslocados depois de um conflito entre forças separatistas e moldavas no início da década de 1990, quando a região se separou da Moldávia.

O Ministério do Interior da Transnístria citou "especialistas" dizendo que Cobasna detém o maior depósito de munição da Europa. Procurado, o governo da Moldávia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a declaração da Transnístria.

O episódio desta quarta ocorre após outros relatos de ataques na Transnístria, um com granada na sede da segurança da região, outro a uma base militar e também a destruição de torres de rádio. Tudo isso depois de um comandante russo, em declarações não confirmadas por Moscou, afirmar que as tropas russas visavam controlar o Sul da Ucrânia, criando uma rota para a região separatista.

O Kremlin disse estar seriamente preocupado com os acontecimentos, e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia foi citado pela agência de notícias RIA dizendo que quer evitar um cenário em que Moscou teria que intervir lá.

As declarações, no entanto, elevaram as tensões na Moldávia.

'Precisamos fazer esforços financeiros e logísticos para construir um Exército profissional, moderno e bem equipado', disse a presidente da Moldávia, Maia Sandu . 'Estamos passando por um período muito difícil para o nosso país, mas os investimentos no Exército são muito necessários, são necessários para infraestrutura, para segurança e defesa do Estado.'

Autoridades moldavas disseram que filas de carros e caminhões se formaram na estrada da Transnístria para o resto da Moldávia por causa de controles mais rígidos nos postos de controle que a Transnístria realizou na terça.

Na quarta-feira, a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, acusou a Rússia de estar pronta para usar a Transnístria como uma ponte para avançar sobre a Ucrânia ou o resto da Moldávia. O uso da região como uma plataforma para ataques no Oeste ucraniano já era um temor por parte dos ucranianos desde o início do conflito.

* Com informações de agências internacionais.

Entre no  canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.